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Bob Wilson cria moldura sombria para ópera 'Macbeth'
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JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A cada montagem da ópera "Macbeth", ressurge a discussão sobre o que é de Shakespeare, autor do texto de 1606, e o que é de Giuseppe Verdi (1813-1901).
No caso da produção que estreia nesta sexta-feira no Theatro Municipal, em São Paulo, o que se vê não é nem de um, nem de outro. É de Bob Wilson. O diretor americano, de 71 anos, apoderou-se da tragédia. Conta a história da ambição desmedida do general escocês e de sua mulher, Lady Macbeth, com uma excepcional economia de recursos, sem nenhuma gestualidade e com uma valorização extrema da iluminação.
O espetáculo tem outros pontos fortes. O primeiro é Abel Rocha, que conduz a Orquestra Sinfônica Municipal com energia e precisão. O segundo é o elenco italiano. A soprano Anna Pirozzi e o barítono Angelo Veccia têm vozes prodigiosas.
A história se passa na Escócia do século 11, governada pelo rei Duncan. Lady Macbeth o mata para que o marido se instale no trono.
Apostando nos presságios de feiticeiras, Macbeth se vê como um eterno monarca, mas acaba assassinado por Macduff, que encabeça a resistência à tirania.
Roger H. Sassaki/Divulgação | ||
Cena da peça "Macbeth", de William Shakespeare, dirigida por Robert Wilson, |
Foi a décima ópera de Verdi, escrita quando ele tinha 34 anos. Não possui a profusão melódica de "Rigoletto" ou "La Traviata", que viriam logo depois. Mas a junção de música e teatro já estava para ele tão bem resolvida que essa tragédia shakespeariana é algo superior a qualquer texto lírico daquele período na Itália.
É aí que entra Bob Wilson, nessa coprodução do Municipal, do Teatro Comunal de Bolonha -onde esse "Macbeth" só será exibido no ano que vem- e da Change Performing Arts, de Milão.
O diretor concebeu um espetáculo escuro. Os trajes de época dos cantores são negros. Também negros são os cenários laterais. No de fundo, única concessão, a cor clara funciona para colocar como silhuetas os personagens coletivos -cortesãos, feiticeiras ou militares.
Só os personagens principais têm o rosto iluminado. Eles andam, mas não gesticulam. Se carregam as mãos ensanguentadas pela cumplicidade ou pelo cometimento de homicídios, elas ficam esticadas, e as luvas, clareadas por uma discreta luz negra.
NEON
Bob Wilson é obcecado pelas lâmpadas de gás neon. Elas estão na ribalta do palco, no entanto, voltadas para o público -como provável recurso para reiterar que aquilo é teatro, e não realidade.
Longos filetes de neon branco chegam a dividir horizontalmente a cena. Mas eles nada iluminam. São uma espécie de estorvo planejado para quebrar novamente a ilusão de que aquilo é verdade.
MACBETH
QUANDO sexta (23), ter. (27) e qui. (29), às 20h, e dom. (25), às 17h
ONDE Theatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº; tel. 0/xx/11/3397-0327)
QUANTO de R$ 40 a R$ 100
CLASSIFICAÇÃO 10 anos
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