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Pintor dos gordinhos, Botero tem obras à venda em galeria de SP
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SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO
Elas são, de fato, gordas. Mal cabem nos vestidos, transbordam de seus pedestais e desafiam o padrão de beleza esquelético em voga, mas não deixam de ser cobiçadíssimas. Em telas, esculturas, desenhos e pinturas, as gorduchas de Fernando Botero, 80, valem fortunas.
'A arte vive um momento deplorável', afirma Botero
"Falam que sou o artista vivo mais caro da América Latina, acho isso bom", diz Botero, em entrevista à Folha, de seu ateliê em Mônaco. "Quando comecei, nos anos 1940, essa profissão era uma piada. Minha mãe dizia que eu morreria de fome. Hoje sei que os preços são altíssimos."
Só nos leilões da semana passada na Christie's e na Sotheby's, em Nova York, obras do artista colombiano foram arrematadas por mais de R$ 9 milhões, sendo a mais cara de todas a escultura de um cavalinho obeso, vendida por quase R$ 2 milhões.
Divulgação | ||
"Mulher Sentada 3", obra de Fernando Botero |
No rastro dessas vendas milionárias, começa hoje, em São Paulo, na galeria Almeida e Dale, a primeira mostra comercial do artista no país.
Embora a casa não revele os preços oficiais, há desenhos a partir de R$ 80 mil e esculturas vendidas a cerca de R$ 600 mil --das 32 peças, três já estão reservadas.
"É um artista que vende obras de valores expressivos", comenta o marchand Carlos Dale Júnior. "São obras doces, bonitas e de fácil aceitação. Botero é o artista dessa geração com o maior apelo comercial, e já sabemos de coleções no Brasil que têm trabalhos dele."
A oferta de seus trabalho no Brasil é, ainda, um teste de mercado. O trabalho de Botero tem os dois pés balofos afundados no kitsch, uma obra que alcançou o estrelato em leilões, mas conquistou entre críticos de arte um repúdio proporcional a seus preços inflados.
Desde a adolescência, em Bogotá, até os anos de formação, que passou entre Madri, Paris e Florença, Botero pinta do mesmo jeito. Figuras gordas com rostos diminutos, que somem na banha.
O artista, que tem ateliês na França, em Mônaco, na Itália e na Grécia, trabalha oito horas por dia.
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