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09/12/2012 - 06h32

Curadora Lisette Lagnado fala sobre o Panorama da Arte Brasileira

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LISETTE LAGNADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O ponto de partida do Panorama 33 é a sede do Museu de Arte Moderna de São Paulo, localizada sob a marquise do Ibirapuera, na lateral do pavilhão reservado à Bienal. A presente edição do Panorama visa iluminar o destino de museu-nômade que lhe é conferido a partir de uma realidade improvisada. Nas palavras de Felipe Chaimovich, curador da instituição: "Eu vejo o MAM como tendo uma natureza quase nômade. Em sua história, na verdade, ele é muito mais uma ideia do que um edifício. O MAM nunca foi um edifício". [1]

Arquitetos serão chamados para 33º Panorama da Arte Brasileira

Não deixa de ser contraditório perceber que, dentro do parque Ibirapuera, símbolo de um patrimônio moderno do país, que reúne Oscar Niemeyer e Burle Marx, a instituição que supostamente representaria os ideários de uma modernidade racional tem assento em anexo provisório (o Pavilhão da Bahia de Lina Bo Bardi para a 5ª Bienal de 1959), que se converteu em sede definitiva. O MAM do Rio de Janeiro tem um edifício de Affonso Eduardo Reidy que, segundo Mark Wigley, diretor do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade de Columbia, "se tivesse de salvar de uma explosão atômica alguns poucos prédios da segunda metade do século 20, [este museu] certamente estaria entre eles." [2]

Seguindo este raciocínio, interessa perceber uma ideia de modernidade não mais a partir de um lugar projetado, mas de uma operatividade. Nem mesmo sua coleção inicial --que Ciccillo Matarazzo doa em 1963 para a Universidade de São Paulo-- lhe confere o lastro "moderno". Nos últimos vinte anos, o Panorama consagrou-se como a mostra mais importante que o Museu realiza com regularidade desde 1969. Outro exemplo similar no mundo é a Bienal do Whitney Museum (Nova York).

Curadorias exemplares permitem ressaltar as edições que contribuíram para mudar a história das exposições e apresentar um diagnóstico das ansiedades do debate contemporâneo: esta é a definição assumida aqui para o termo "panorama". Recapitulando a trajetória das mostras do Panorama do MAM-SP, verifica-se que algumas etapas de sua missão original já foram cumpridas:

1. A superação do modelo de Salão e a abolição das divisões em suportes e linguagens como pintura, desenho e gravura e tridimensionalidade (Ivo Mesquita);

2. A descentralização do eixo Rio-São Paulo;

3. O convite a um curador estrangeiro (Gerardo Mosqueira);

4. A inclusão de artistas não brasileiros para propor discussões internacionais (Adriano Pedrosa);

5. A formação de um acervo.

Cabe perguntar-se então a meta de uma exposição organizada a cada dois anos por um dos principais museus da cidade. Para mim, a missão de um Panorama deve se ajustar às necessidades de um cenário institucional em constante transformação e não se sobrepor a missões de mapeamento realizadas por outras iniciativas: Antarctica Artes com a Folha, Bolsa Pampulha, Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural, Temporada de projetos do Paço das Artes e do Centro Cultural São Paulo, Prêmio CNI/Sesi Marcantonio Vilaça etc.

Panorama significa unir projeto e programa. Diante da demanda de uma economia de construções sustentáveis, todo novo museu surge doravante com uma compreensão de um diálogo orgânico com a cidade. São Paulo teve no Masp um programa pioneiro, quando, nos anos 1950-60, houve uma integração entre o projeto museológico da arquiteta, Lina Bo Bardi, e suas diretrizes pedagógicas. E qual seria o "laboratório do moderno" hoje?

Se os anos 1980-90 testemunharam um boom de construção de prédios para abrigar as grandes pinturas e instalações que caracterizariam o circuito da arte, até que ponto as práticas contemporâneas precisam de novas paredes?

Questões tanto de cunho histórico como prospectivo surgiram no decorrer da concepção deste Panorama. Que vínculos mantém o MAM dentro do parque Ibirapuera e qual a sua projeção na cidade? Deve o MAM se satisfazer com sua situação na marquise do Ibirapuera? Como mostrar um acervo crescente à medida que os Panoramas definem um perfil cada vez mais contemporâneo? Que vantagens trariam um espaço construído a partir do zero em relação a um museu que reformula um espaço existente e o adapta para seu cotidiano? Qual a posição dos arquitetos frente a estes problemas?

Nesse sentido, a edição do Panorama 33 procura sintonizar com o debate crítico internacional que sempre animou e articulou colaborações entre artistas e arquitetos.

 

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