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10/12/2012 - 03h10

O ativismo e a arte de Yoko Ono

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JACOB BERNSTEIN
DO "NEW YORK TIMES"

Num dia recente de outono, Yoko Ono estava no elegante empório de moda Opening Ceremony, em SoHo, em Manhattan, exibindo desenhos que tinha apresentado para a equipe de design com a qual estava trabalhando na empresa.

Uma calça que ela desenhou tinha um buraco na virilha. Outra peça trazia setas apontando para os mamilos, com a orientação: "Furos para colocar flores (frescas)".

Yoko Ono primeiro pensou em criar moda para homens quando se apaixonou por John Lennon, nos anos 1960.

Mas, disse ela, "os homens sempre queriam que ficássemos bonitas e tirássemos tudo. Enquanto nós nunca podíamos curtir a sexualidade deles da mesma maneira".

Os tempos mudaram. As mulheres passaram a trabalhar fora de casa. Na moda, a separação entre homens e mulheres ficou menos rígida. O corpo masculino virou um produto e alvo de publicidade.

Então, quando chegou aos 70 anos de idade, Yoko Ono fez amizade com jovens do mundo da moda que a viam como uma decana do estilo cool --alguém que remetia ao que era Nova York no tempo em que artistas percorriam as ruas de Greenwich Village.

Três anos atrás, em Tóquio, Ono conheceu Humberto Leon, um dos fundadores do Opening Ceremony. Ele se mostrou ansioso por trabalhar com ela. "Yoko sempre foi radical", explicou ele.

As peças favoritas de Leon são vários artigos com sinos.

"Há um colar de acrílico que é usado com dois sinos presos a ele, colocados onde ficam os seios", contou. "Uma inscrição sob os sinos diz 'toque para chamar a mamãe'."

A colaboração acontece num momento em que Ono, que se aproxima dos 80 anos, está passando por um grande renascimento no cenário artístico e cultural.

Em junho, uma retrospectiva do trabalho dela foi promovida em Londres. Durante as Olimpíadas, ela colaborou com a loja de departamentos londrina Selfridge's numa instalação artística pública, a "Imagine Peace". Em setembro, houve uma videoinstalação na Times Square, em colaboração com o Art Production Fund.

Enquanto isso, Ono concedeu seu prêmio anual da paz à banda punk russa Pussy Riot, cujas integrantes foram condenadas em Moscou por vandalismo.

Além disso, Ono vem ajudando a combater a fome mundial.

"Na Segunda Guerra Mundial, eu era criancinha", recordou durante um evento beneficente para a organização WhyHunger. "Passamos muita fome. Não quero que as crianças passem por isso."

Em 28 de novembro, a Biblioteca do Congresso, em Washington, anunciou a divulgação de dezenas de entrevistas entre Joe Smith, antigo presidente da Capital Records, e luminares da música. Em uma delas, Yoko Ono afirmou que foi Ringo Starr, e não ela, quem desencadeou a separação dos Beatles.

Ono também vem assistindo a eventos de levantamento de fundos e festas de moda em Nova York. Ela começou a criar uma coleção de bijuterias para a Swarovski.

"Acho que a mensagem de paz de Yoko Ono é relevante neste momento", ponderou Catherine Morris, curadora do Centro Elizabeth A. Sackler de Arte Feminista no Museu Brooklyn, onde Ono foi homenageada recentemente. "Seu engajamento de longa data com o ativismo político lhe garante credibilidade."

Yoko Ono e seu filho, Sean Lennon, 37, fundaram a organização Artists Against Fracking, que faz oposição ao "fracking", ou fraturamento hidráulico, um método de perfurar rocha para extrair gás natural.

Os dois estão terminando de criar um álbum eclético. "É um jeito bacana de ter contato com meu filho", explicou. Além disso, disse ela, Sean sempre sabe quem manda: "Eu, é claro".

 

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