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24/12/2012 - 05h00

Crítica: Regida por Isaac Karabtchevsky, sinfônica de Heliópolis mostra evolução

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SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA

A performance da "Nona Sinfonia" de Beethoven (1770-1827) na sexta-feira, na Sala São Paulo, mostrou que a Sinfônica de Heliópolis já é um grupo artístico relevante na cidade, para além do projeto social do qual emerge.

A orquestra é o grupo de excelência de uma proposta educacional maior, que conta com ótimos professores e instalações superiores às das nossas universidades --embora uma grande janela para a favela revele sua origem e seu destino.

Divulgação
Isaac Karabtchevsky rege Sinfônica de Heliópolis na Sala São Paulo, na última sexta-feira
Isaac Karabtchevsky rege Sinfônica de Heliópolis na Sala São Paulo, na última sexta-feira

Que obra é essa que escutamos, a última sinfonia de Beethoven tocada pela primeira vez por esse grupo jovem?

Em breve fala à plateia, o maestro Isaac Karabtchevsky usou a expressão "força magnética", com a qual talvez tenha antecipado o tom da versão apresentada. Magnetismo emanava das estantes para os olhos dos músicos, daí para as mãos do regente, para os instrumentos, num jogo de polarizações.

Assim, a "Ode à Alegria", de Friedrich Schiller (1759-1805) --inserida por Beethoven no último movimento-, foi o fruto de um desafio vencido nota a nota.

A orquestra parecia aguardar a decisão final de Ludwig van Beethoven --a entrada do barítono solista, quando o coro se levanta.

MATURIDADE

No começo do primeiro movimento, os clarinetes não estavam na mesma sintonia dos demais, mas, no primeiro tutti, tudo se ajustou.

Karabtchevsky descobria ênfases, vozes internas, gradações de dinâmica.

E pegou rápido o segundo movimento, exigente com os solos das madeiras (destaque para o fagote).

Foi um scherzo vivo, transparente.

Ainda falta maturidade ao grupo para fazer um adágio como o do terceiro movimento. A segurança e a sabedoria de Isaac Karabtchevsky, porém, abriram o caminho para que as ideias se desenvolvessem. Seu gestual arredondava o som.

No finale, sobressaiu o peso do Coral Lírico do Theatro Municipal, apesar da presença um pouco ostensiva, que sufocou os bons cantores solistas, Gabriella Pace (soprano), Edinéia de Oliveira (mezzo-soprano), Marcello Vannucci (tenor) e Saulo Javan (baixo).

Mas Beethoven ainda tira do nada o "Alla Marcia", uma banda rústica que antecipa Mahler (1860-1911).

Sola o tenor, o coro ecoa: "wie ein Held zum Siegen" (como um herói rumo à vitória). E nenhuma empolgação é excessiva diante de tanta poesia sonora.

SINFÔNICA DE HELIÓPOLIS
AVALIAÇÃO bom

 

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