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Mostra de Steve McQueen harmoniza sexo e política
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ISABELLE MOREIRA LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Dois homens se olham, ora com desejo, ora com violência. Eles são negros, estão nus e se abraçam como em uma dança do acasalamento que se transforma em luta.
A sequência está em "Bear" (1993), filme em 16 mm considerado pelo artista britânico Steve McQueen como o ponto de virada de sua carreira e um de seus trabalhos em cartaz até o dia 6 de janeiro no Art Institute of Chicago.
Divulgação | ||
Cena do filme "Charlotte" mostra o olho da atriz Charlotte Rampling atacado por um dedo |
A mostra, primeira individual do artista em um museu dos Estados Unidos, reúne 15 trabalhos de 1992 a 2012 e vem um ano depois de seu segundo longa-metragem, "Shame", ter gerado polêmica por contar a história de um homem viciado em sexo.
Na exposição, o tema volta a ser explorado em filmes como "Bear" e "Charlotte" (2004), que mostra um olho --o da atriz Charlotte Rampling-- em close fechado sendo perseguido por um dedo, uma alusão ao ato sexual.
O sexo --e mais precisamente o corpo, outro fio condutor da obra de McQueen-- une-se à política nos trabalhos mais fortes. Ambos estão em "Illuminer" (2001), último filme em que o próprio artista aparece.
Nu, em uma cama de hotel em Paris, é iluminado apenas pela televisão à sua frente. Ouve-se o som de uma reportagem da TV francesa sobre a guerra do Afeganistão.
"Eu estava apenas iluminado pela violência. Dá para se ter uma ideia das imagens na televisão, mas o fato é que a violência me fez presente", afirmou sobre a obra.
"Static" (2009), um retrato quase sensual da estátua da Liberdade, segue a mesma linha. Closes da estátua e o som alto do helicóptero ressaltam a ideia da promessa de liberdade, mas lembram uma operação militar.
A política como tema central está na instalação "Queen of Country" (2007-2009), que reúne em selos postais imagens de 168 oficiais britânicos mortos na Guerra do Iraque, e "End Credits" (2012), uma sequência digital de documentos do FBI sobre o poeta e ativista americano Paul Robeson (1898-1976).
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