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28/01/2013 - 07h03

Fotógrafo faz sucesso em Nova York com "carros voadores"

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DAVID SEGAL
DO "NEW YORK TIMES"

Matthew Porter está procurando um "muscle car" (carro com desempenho muito alto) vintage para comprar on-line. Porém, não pode ser qualquer um. Ele sente-se tentado por um Dodge Charger ano 1966, mas não gosta muito da pintura branca reluzente. E aquele Plymouth Superbird 1970? Não possui os contornos anabolizados que ele procura. Porter olha alguns conversíveis e então descobre um Ford Mustang Shelby GT 500, ano 1967.

"Este é o primeiro que eu penso seriamente em comprar", comenta. "Já tenho alguns Mustangs, mas não tenho um Shelby. Eles são especiais porque Shelby era designer de carros e piloto de carros de corrida. Ele ajudou a projetar esse carro para a Ford."

Se Porter comprar o Shelby, ele sabe exatamente o que fará com o veículo: vai fotografá-lo no ar, voando tão perigosamente alto que dará a impressão de estar fadado à destruição. Por sorte, ele não precisará de um piloto para fotografar a cena. Nem de gasolina. Como todos os veículos fotografados para a série que o artista chama de "carros voadores", o Shelby tem 28 centímetros de comprimento e foi adquirido no site DiecastMusclecars.com.

Quando a miniatura chega ao estúdio de Porter, no Brooklyn, em Nova York, os carros são pendurados em um braço mecânico, iluminados cuidadosamente e fotografados. Depois, são fundidos digitalmente com a imagem de uma paisagem de rua que Porter fotografou com uma câmera de formato grande.

Quando o veículo e o pano de fundo estiverem fundidos de modo natural, Porter terá criado uma imagem clássica da TV e do cinema dos anos 1960 e 1970.

Qualquer pessoa que não conheça essa técnica fica maravilhada e perplexa com as fotos. Como ele catapultou um carro no ar, desse modo? Quem pagou a conta do hospital do piloto?

Então a pessoa percebe que o carro está voando a uma altura que seria impossível e que a imagem deve ter sido fabricada. Nesse ponto, o espectador continua maravilhado e pergunta: "Se isso não é real, como aconteceu?"

"Para ser franco, a ideia me veio depois de assistir ao final do remake de 'Starsky & Hutch'", falou Porter, aludindo a um filme de Hollywood. "Eles fizeram um daqueles saltos de carro sobre o pico de um morro e congelaram a imagem. Eu pensei 'essa é a foto que eu gostaria de fazer, mas não tenho recursos para encená-la'."

Porter, 37, imprimiu sua primeira foto de carro voador um ano depois de lançado o filme, em 2005, e as imagens foram tão apreciadas que, desde então, ele vem fazendo em média duas por ano. Foram 14 até agora, em sua maioria em edições de cinco.

Elas se esgotam imediatamente, e as galerias de Porter, a Invisible-Exports, em Manhattan, e a M+B, em Los Angeles, têm uma lista de espera de interessados em novos lançamentos.

Uma das fotos do artista, "110 Junction", faz parte de uma exposição em cartaz até 27 de maio no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, chamada "After Photoshop: Manipulated Photography in the Digital Age" (Depois do Photoshop: a fotografia manipulada na era digital).

Porter já realizou façanhas digitais semelhantes em outras séries de fotos, incluindo uma em que o dirigível Hindenburg parece estar sobrevoando paisagens do oeste americano. Mas nenhum outro projeto do artista encontrou um público tão fascinado quanto aquele que aguarda seu próximo carro voador.

"Nem sei quantas vezes já ouvi 'você é o sujeito dos carros voadores!'", comentou. "Mas tudo bem. Eu não me incomodo."

Num primeiro momento, a série não vendeu bem, em parte porque Porter não era representado por uma galeria e estava pedindo US$ 2.000 por foto. Mas vários
sites diferentes começaram a expor seu trabalho.

Benjamin Trigano, o fundador da galeria M+B, descobriu a série através de um amigo e convidou Porter a entrar para a galeria.

Em 2008, Porter já estava representado na M+B. No ano seguinte, a série decolou, por razões que ele não consegue explicar por completo. Agora, quanto Trigano recebe uma nova edição de carro voador, envia cinco e-mails a pessoas que estão na lista de espera, e as imagens desaparecem, vendidas por entre US$ 8.000 e US$ 10 mil cada.

Quando telefona para a DieCastMusclecars, Porter faz muitas perguntas sobre carros. "Pergunto ao sujeito como é a banda de rodagem do pneu, se a grade tem detalhes, se os limpadores de para-brisas são feitos de uma peça só. Procuro o maior número possível de partes separadas e distintas, para que, quando eu explodir o carro, não seja possível enxergar que se trata de um modelo."

Certa vez o proprietário da DiecastMusclecars quis saber: "Por que tantas perguntas?". Mas Porter não lhe contou o que faz com os carros, nem que a imagem de um deles, um Plymouth GTX de 30 centímetros de 1970, agora está voando no Met.

 

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