Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
19/02/2013 - 04h38

Crítica: Mostra da revista "O Cruzeiro" é excelente panorama sobre a importância da foto

Publicidade

FABIO CYPRIANO
CRÍTICO DA FOLHA

Em 7 de outubro de 1961, a revista brasileira "O Cruzeiro" publicou uma matéria intitulada "Novo recorde americano - Miséria", com fotos de Henri Ballot, que retratou uma família porto-riquenha empobrecida, em Nova York.

O artigo causou polêmica e levou o subprefeito da cidade norte-americana a averiguar, pessoalmente, a verdade dos fatos, acompanhado de um repórter do jornal "New York Times", que editou matéria a respeito.

O "Cruzeiro", na verdade, promovia uma retaliação à revista norte-americana "Life", que meses antes havia publicado uma fotorreportagem sobre as favelas brasileiras.

A reveladora história está documentada na mostra "As Origens do Fotojornalismo no Brasil: Um Olhar sobre o Cruzeiro (1940 - 1960)", exposta no Instituto Moreira Salles (IMS), um excelente panorama sobre a importância da fotografia e seus efeitos na sociedade.

Luiz Carlos Barreto/Acervo Luiz Carlos Barreto
Fidel Castro (centro) no Rio de Janeiro, em foto de 1959 que está na exposição
Fidel Castro (centro) no Rio de Janeiro, em foto de 1959 que está na exposição

INOVADORA

Criada em 1928, por Assis Chateaubriand, com o apoio de Getúlio Vargas, então ministro da Fazenda do governo Washington Luís, a revista "O Cruzeiro" é vista na mostra como inovadora no tratamento da imagem, apesar (ou por causa) de suas relações com o poder.

Graças a acordos com estúdios de Hollywood, a revista podia estampar estrelas de cinema em suas capas, ao mesmo tempo em que contratava fotógrafos do porte do antropólogo francês Pierre Verger (1902-1996), do francês Jean Manzon (1915-1990) e do brasileiro José Medeiros (1921-1990).

Foi em "O Cruzeiro" que Manzon publicou o encontro dos irmãos Villas-Bôas com os índios xavante, entre 1944 e 1947, e que Verger registrou a religiosidade baiana.

PODER

A exposição, com curadoria de Helouise Costa e Sergio Burgi, dá destaque a esse lado humanista da publicação, sem perder de vista suas relações com o poder e sua atitude nacionalista, típicas do modo de ação de Chateaubriand.

Não é à toa, afinal, que imagens de Getúlio Vargas sejam um dos grandes destaques da mostra.

Com um excelente catálogo que também leva nome "As Origens do Fotojornalismo no Brasil" (335 págs., R$ 140), a mostra, com dezenas de fotografias, apresenta um complexo balanço da revista que gerou algumas das mais icônicas imagens do país.

AS ORIGENS DO FOTOJORNALISMO NO BRASIL: UM OLHAR SOBRE O CRUZEIRO (1940 - 1960)
ONDE Instituto Moreira Salles (r. Piauí, 844, tel. 0/xx/11/3825-2560)
QUANDO de ter. a sex., das 13h às 19h.
QUANTO grátis

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página