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14/03/2013 - 03h13

"Senhorita Júlia" ganha duas encenações em São Paulo

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COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

August Strindberg nasceu da união conflituosa entre uma serviçal e um aristocrata. Ao mesclar embates -vividos e inventados- da guerra dos sexos, o sueco compôs "Senhorita Júlia", dando sua versão do pesadelo do jogo de poder nas relações amorosas.

A peça que retrata o romance entre Júlia, filha de um aristocrata, e o criado de seu pai, Jean, ganha duas montagens na cidade: "Senhorita Júlia", de Eduardo Tolentino, diretor do Grupo Tapa, cuja estreia aconteceu na última sexta, e "A Propósito de Senhorita Júlia", do cineasta Walter Lima Jr., que abre temporada paulistana no dia 20 de abril.

Tolentino lança um olhar original sobre a obra de 1888. "É preciso que se tenha uma visão inexplorada de um clássico para montá-lo", acredita.

Lenise Pinheiro/Folhapress
Anna Ceclia Junqueira (à frente), Augusto Zacchi (esq.) e Paloma Gagliasso em "Senhorita Júlia"
Anna Ceclia Junqueira (à frente), Augusto Zacchi (esq.) e Paloma Gagliasso em "Senhorita Júlia"

Ao mesmo tempo em que o encenador rompe convenções do realismo, antecipa o pensamento sartriano de que "o inferno são os outros".

Em sua peça, "o outro" --representado pela cozinheira Cristina (Paloma Gagliasso)-- deixa de ser personagem secundário e é promovido a protagonista.

"Cristina atua como uma testemunha. Representa o olhar de fora que possui visão crítica, é o ponto de vista da sociedade", diz Tolentino. Ele faz com que a personagem interfira no romance impossível entre Júlia (Anna Cecília Junqueira) e Jean (Augusto Zacchi), muitas vezes como uma espécie de fantasma.

Cristina surge no palco inclusive em cenas em que não aparecia no original, cujo foco recaía no jogo entre os amantes. Nestes momentos, suas ações silenciosas dizem mais do que mil palavras.

Tolentino enfatiza que a opção não o impediu de ser fiel ao texto de Strindberg. "Não há invenção. Tudo o que os atores falam está escrito na peça. Apenas desenvolvemos algumas ideias como imagem", explica.

Por meio desta ousadia, sua versão de "Senhorita Júlia" ganha contornos de sonho, afinados com a fase final da obra do autor. Strindberg foi precursor do naturalismo na Suécia no início de carreira, mas, no decorrer dela, aproximou-se do expressionismo e do surrealismo.

FORMA E CONTEÚDO

O cineasta Walter Lima Jr. também mexe na trama de "Senhorita Júlia". No entanto, não altera a forma, mas o conteúdo. Rebatizada como "A Propósito de Senhorita Júlia", a peça é contextualizada na contemporaneidade brasileira e reflete sobre a desigualdade social. Protagonizado por Alessandra Negrini, o enredo desenrola-se no dia em que Lula foi eleito presidente. (GABRIELA MELLÃO)

SENHORITA JÚLIA
QUANDO de ter. a sáb., 21h (sex., 21h30); dom., 18h (até 31/3)
ONDE Viga Espaço Cênico (r. Capote Valente, 1.323; tel.: 0/xx/11/3801-1843)
QUANTO de R$ 10 a R$ 40
CLASSIFICAÇÃO 14 anos

A PROPÓSITO DE SENHORITA JÚLIA
QUANDO estreia em 20/4; sex. e sáb., 20h; dom., 19h (até 30/6)
ONDE Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112; tel.: 0/xx/11/3113-3651)
QUANTO R$ 6
CLASSIFICAÇÃO 14 anos

 

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