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18/03/2013 - 13h10

Símbolo da China é quem pavimenta estradas com as mãos, diz Nobel de Literatura

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DE SÃO PAULO

O escritor chinês Mo Yan, 58, tem evitado dar entrevistas desde que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 2012. Em um de seus raros encontros com jornalistas, o autor concedeu uma entrevista à revista "Der Spiegel" para a edição de fevereiro.

Primeiro concordou ter uma "conversa muito breve" com o jornalista Bernhard Zand em uma casa de chá de Pequim, mas no encontro, que durou duas horas, o escritor abordou uma série de temas delicados em seu país, como a política do filho único e respondeu também às críticas que lhe têm sido feitas pelo artista plástico Ai Weiwei.

Após o anúncio do Nobel de Literatura, em outubro de 2012, Ai Weiwei afirmou que não considerava que Mo Yan pudesse representar a China. O escritor, então, respondeu: "Que intelectual pode ter a pretensão de representar a China? Eu não reivindico isso para mim. Será que Ai Weiwei o pode reivindicar? Aqueles que realmente podem representar a China são os que escavam lixo e pavimentam estradas com as próprias mãos".

Yan explicou também a sua participação em um polêmico livro em que alguns escritores transcreveram à mão os discursos de Mao Tsé-Tung sobre arte e literatura, proferidos em 1942, e em que Mao destacava as regras que os escritores deviam seguir. Segundo Yan, era um projeto comercial de um amigo próximo e ele nem ao menos escolheu o parágrafo do discurso que iria transcrever.

"O Partido Comunista Chinês tem cerca de 80 milhões de membros, e eu sou um deles. Entrei no partido em 1979 quando estava no Exército. Mais tarde, percebi que a Revolução Cultural foi um erro individual, de líderes, teve mais a ver com isso do que com o Partido."

Ao ser lembrado que nos seus livros existem mais críticas aos dirigentes do Partido que ao discurso político, Mo Yan disse que não vê contradição entre as suas opiniões políticas e quando critica os dirigentes do Partido em seus livros: "sempre dediquei parte de meus romances a meu ódio pessoal a funcionários corruptos".

John Macdougall - 13.out.09/AFP
O chinês Mo Yan, ganhador do Nobel de Literatura em 2012
O chinês Mo Yan, ganhador do Nobel de Literatura em 2012
 

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