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Atração de festival Nublu, pianista americano prega jazz popular
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CARLOS MESSIAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Parcerias com Jay-Z, Kanye West, Mos Def, J Dilla e outros medalhões do hip-hop; versões jazz de "Cherish the Day", de Sade, e "Smells Like Teen Spirit", do Nirvana (utilizando piano elétrico e sintetizador de voz); e uma releitura de "Maiden Voyage", de Herbie Hancock, com arranjos emprestados de "Everything in Its Right Place", do Radiohead.
Essas e outras peripécias do pianista e compositor de jazz Robert Glasper são de deixar músicos de conservatório com os cabelos em pé. E o texano de 34 anos, que estudou na New School for Jazz and Contemporary Music, não está nem aí.
"Estou apenas dialogando com a música da minha geração, assim como John Coltrane (1926-1967) tocou a música da geração dele", afirmou o pianista em entrevista à Folha, de Austin (Texas), onde se apresentou no festival South by Southwest no último fim de semana.
Editoria de Arte/Folhapress |
"Quero que o jazz volte a ser um gênero popular e relevante ao seu tempo, e não algo histórico. É preciso ouvir e incorporar o que as pessoas estão escutando."
Pela segunda vez no Brasil, Glasper encerra, no sábado, a terceira edição paulistana do Nublu Jazz, que começa quinta-feira (21) em São Paulo (veja a programação abaixo).
O festival também acontece anualmente em Nova York e Istambul, e foi concebido como uma extensão da casa de shows e do selo musical Nublu, ambos sediados nos EUA e fundados pelo músico turco Ilhan Ersahin.
Robert Glasper é dono de um estilo original, criado em cima de harmonias rebuscadas, percussivas e espaçadas, um prato cheio para a fusão com hip-hop, soul, funk, ritmos africanos etc.
Em sua versão de "Golden Lady", de Stevie Wonder, por exemplo, nota-se uma nítida influência da música brasileira. "Sou um grande fã de Tom Jobim (1927-1994). A bossa nova se tornou parte de mim, ela surge naturalmente."
Desde 2005 o músico integra o casting do icônico selo de jazz Blue Note. Seu quarto disco, "Double-Booked" (2009), é dividido em dois formatos: um trio acústico, mais tradicional, com o qual vinha trabalhando desde 2003, e uma banda de fusion, que conta com sintetizadores e seu piano elétrico Fender Rhodes, chamada Robert Glasper Experiment.
Com esta alcunha ele lançou seu mais recente trabalho, "Black Radio" (2012), que no mês passado levou o Grammy de melhor álbum de rhythm and blues.
"Decidi me inscrever nessa categoria porque sabia que era a única forma de conseguir vencer. O conselho de jazz do Grammy é composto por gente branca e muito velha. Eles não entenderiam 'Black Radio' [risos]."
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