Resposta sobre o que falhou na Virada deve ser dada pela PM, diz secretário municipal
O secretário municipal de Cultura de São Paulo, Juca Ferreira, diz que a "crise de segurança" foi "o dado mais ativo" da Virada Cultural realizada pela Prefeitura no último fim de semana e tem de ser "enfrentada com muita responsabilidade".
Ao lado das 24 horas de programação cultural na capital paulista, há um saldo de um morto, nove feridos e dezenas de vítimas de arrastões.
O secretário afirma que a resposta sobre o que falhou deve ser dada pela Polícia Militar. "A Prefeitura cuidou de vários aspectos diretamente. Esse [segurança] é o único que ficou a cargo do governo do Estado".
Ferreira defende a ideia de restringir, a partir do ano que vem, a realização de eventos durante a madrugada a áreas "onde seja possível garantir a segurança", conforme afirma na entrevista a seguir.
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Folha - A Prefeitura havia prometido mais segurança na Virada Cultural deste ano. No entanto, houve muita violência e a até então inédita ocorrência de arrastões. O que falhou?
Juca Ferreira - Anunciamos que ia ter mais policiamento, que é sinônimo de mais segurança. Essa pergunta deve ser dirigida para a PM, que entende de segurança e deve fazer a avaliação. Alguma coisa não deu certo. Tivemos ocorrências.
A Prefeitura cuidou da limpeza, da infraestrutura médica, de vários outros aspectos cuidamos diretamente. Esse [segurança] é o único que ficou a cargo do governo do Estado.
O sr. acredita que a PM tenha feito corpo mole deliberadamente?
Nós não temos nenhum indicativo disso. Temos visto pela imprensa muita reclamação, muito testemunho de que teria acontecido. Se aconteceu, é grave e certamente o comando da PM tomará medidas para acionar essas pessoas.
Por mais meritória que seja uma demanda, os servidores públicos, incluindo a polícia, não têm direito de usar a segurança da população para conseguir seus objetivos.
Karime Xavier/Folhapress | ||
O secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira |
O sr. se refere a uma tese de que o corpo mole da polícia teria sido feito devido a uma questão salarial?
Não, não não! Não tenho dados para dizer que houve corpo mole. De ontem [domingo] para hoje [ontem], tenho visto a imprensa dizer que tem dados de que houve. Se houve é grave e certamente o comando da PM tomará providências.
O coronel Reynaldo Simões Rossi afirmou que houve ao menos seis reuniões preparatórias entre a Prefeitura e a PM. Quais foram os pontos de desacordo?
Não houve desacordo. Numa reunião preparatória você vai testando todas as possibilidades e vendo os diferentes pontos de vista. Cruzamos a disposição dos palcos com os serviços todos [necessários], incluindo limpeza. Todos tiveram que se adequar para cumprir sua função.
Foi harmonioso o trabalho conjunto entre as secretarias da Prefeitura e a PM. Não cheguei a perceber nenhuma divergência estratégica.
*Que mudanças o sr. pretende implementar na Virada do ano que vem? *
Primeiro vamos fazer um balanço com números de todos os aspectos. Da parte cultural, em princípio, sabemos que o saldo é positivo pelos testemunhos.
A segurança durante o dia foi razoavelmente boa. Os incidentes se concentraram na madrugada, em algumas partes do centro.
Há a possibilidade de restringirmos durante a madrugada os eventos de rua a apenas algumas áreas onde seja possível garantir a segurança. Onde for difícil, acho que tem que ser suspenso.
É uma opinião pessoal, que será debatida. Incidente de segurança, por menor que seja, é grave. Não pode haver incidente de segurança.
A revista do público está em pauta?
A [ideia da] revista é uma coisa de quem não entende. Num estádio, você tem cinco, seis prontos de entrada. No centro de São Paulo há centenas de possibilidades para uma pessoa chegar.
A gente tem que ouvir um pouco a versão da polícia e fazer nossa avaliação com critério. A sugestão de leigo às vezes não redunda em contribuição.
O que desequilibrou foram os arrastões, feitos sem arma. O plano que a polícia apresentará terá complexidade para enfrentar isso.
No Carnaval, a revista funciona parcialmente, como meio auxiliar. Há um uso maior de inteligência e de policiais sem farda.
O mapeamento vai nos indicar os pontos onde houve problemas de segurança.
Alguns artistas usaram a Virada como vitrine para a campanha contra o pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP). Que avaliação a organização faz dessa atitude?
A gente não censura artista. [O artista] Subiu no palco, o palco é dele. Teve [manifestação] a favor também. O Agnaldo Timóteo defendeu o pastor. A fala dos artistas é da responsabilidade deles.
Vi a Daniela [Mercury] se referindo a isso, de passagem. Ela tem se engajado cada vez mais na questão dos direitos humanos. Dois contra e um a favor. Está dentro da média.
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