Joinville reúne mais de 200 mil pessoas para ver e praticar dança
Imagine uma cidade inteira, com população estimada em mais de 515 mil habitantes, falando sobre um mesmo assunto: dança. Parece realismo fantástico, mas é o que acontece há 31 anos seguidos na pacata Joinville, em Santa Catarina.
Na segunda quinzena de julho, durante 11 dias, o Festival de Dança de Joinville movimenta intensamente a vida cultural, o comércio, a rede hoteleira e a vida noturna da cidade. "Tudo muda. A cidade fica bonita, abarrotada e respira dança", afirma Ely Diniz, presidente do Instituto Festival de Dança, associação sem fins lucrativos que organiza o evento.
Considerado o maior festival de dança do mundo, com direito a verbete no Guinness Book, o evento que vai de hoje (17) até o dia 27 receberá 6.500 participantes, entre estudantes, bailarinos e outros profissionais da dança. O público estimado para este ano, nos vários palcos espalhados pela cidade, é de 230 mil pessoas.
O festival é uma espécie de vitrine para a qual as escolas de dança de todo o Brasil se estapeiam a fim de mostrar seu trabalho --afinal, estar na mostra confere uma espécie de certificado de qualidade para quem estica seus pés por ali. As categorias são balé clássico, balé clássico de repertório, dança contemporânea, jazz, sapateado, danças urbanas e danças populares.
Para participar, todos os grupos são previamente analisados via vídeo por uma comissão artística especializada. Neste ano, as convidadas foram Iracity Cardoso, Cecília Kerche, Andréa Bardawil e Sigrid Nora, que examinaram 2.160 trabalhos, dos quais apenas 230 foram selecionados para o festival.
"Procuramos fazer com o que o evento não seja apenas uma mostra competitiva", afirma Ely Diniz. Isso porque os cursos e seminários também são considerados grandes atrações da mostra. Neste ano, foram oferecidas 1.880 vagas em 47 cursos ministrados por profissionais de dança de todo o país. "É uma oportunidade para estudantes e profissionais de regiões mais distantes, que nem sempre tem oportunidade de ter aulas com professores renomados", fala Diniz.
Na noite de abertura desta quarta (17), apresenta-se o aguardado Ballet Nacional do Uruguai (Sodre), companhia dirigida pelo bailarino argentino Julio Bocca, com as coreografias "Doble Corchea", "El Corsario - Pas d'Esclave", "Without Words" e "Sinfonietta".
Na Noite de Gala, que será realizada na segunda (dia 22), bailarinos e estudantes da Escola do Ballet Bolshoi no Brasil mostram o clássico de repertório "Les Sylphides", e o Balé Teatro Guaíra, de Curitiba, apresenta a centenária "A Sagração da Primavera", coreografada por Olga Roriz.
A mostra profissional de dança contemporânea, entre os dias 21 e 26, conta com seis companhias: Ballet Jovem Palácio das Artes (MG), Companhia Municipal de Dança de Caxias (RS), Luis Arrieta (SP), Denise Stutz (RJ), Micheline Torres (RJ) e Luis Garay, da Argentina.
"Os grupos profissionais conferem boa informação para alunos e jovens, que assistem aos espetáculos junto com seus professores", analisa Cássia Navas, pesquisadora de dança e professora do Instituto de Artes da Unicamp.
A última noite do festival (Noite dos Campeões) apresenta os vencedores de cada categoria, bem como os selecionados em prêmios especiais como melhor grupo, revelação, melhor bailarino e melhor bailarina. A novidade para este ano é que será realizada a mesma mostra dos vencedores no dia 4 de agosto, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo.
Trata-se de uma parceria com o Itaú Cultural, que desde 2011 faz a gestão do auditório junto com a Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de São Paulo. Para os bailarinos vencedores, uma chance a mais para mostrarem seu trabalho.
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