Projeto de Romário para regulamentar profissões do rap irrita movimento
Um projeto de lei de Romário, deputado federal pelo PSB-RJ, irritou grupos ligados ao hip-hop. A proposta, que tramita na Câmara desde novembro, prevê a regulamentação das profissões que têm relação com o movimento, como as de DJ, MC (mestre de cerimônias), rapper, grafiteiro e de atividades ligada ao beat box e à dança de rua.
O projeto submete o exercício das profissões à realização de cursos técnicos de capacitação profissional, em instituições reconhecidas pelo governo, ou então à comprovação do exercício das atividades de forma interrupta no ano anterior à publicação da lei, caso seja aprovada.
Cerca de 1.800 pessoas contrárias ao texto reúnem-se em um grupo no Facebook chamado "Romário Deixe o Hip Hop em Paz!!!".
Em São Paulo e no Rio, integrantes se encontraram para discutir o projeto e estratégias para impedir sua aprovação. Segundo músicos, a exigência de ensino dificultaria o acesso ao hip-hop.
"Uma cultura que nasceu na rua não pode ser institucionalizada", diz o rapper Clodoaldo Arruda, 40. Segundo ele, os grupos pretendem convidar Romário para uma audiência pública em março, em São Paulo. Por meio de sua assessoria, Romário afirmou que aceitaria o convite.
Para Marcelo Cavanha, 40, que dá oficinas de rap em São Paulo, não houve "construção coletiva" do projeto. "O Romário não nos ouviu. Até que ponto é interessante ter um projeto que reconhece o hip-hop sendo que o movimento é de contestação, inclusive contra o Estado?"
Editoria de Arte/Folhapress | ||
CARTEIRA ASSINADA
Procurado pela reportagem, Romário não falou por "problemas de agenda", segundo sua assessoria, que tenta esclarecer o projeto.
"As exigências referem-se só a quem quer ter carteira assinada, e não ao profissional informal."
Em 2012, o ex-jogador promoveu um seminário sobre o hip-hop na Câmara, com músicos ligados ao movimento.
Na ocasião, ainda de acordo com a assessoria, Romário "assumiu o compromisso de lutar pela regulamentação das profissões ligadas ao hip-hop, por entender que a informalidade permitia que outras pessoas e não os verdadeiros artistas lucrassem com o movimento".
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