Crítica: Forastieri encadeia reflexões com ajuda de grandes desgraças pop
Contar a história do rock só a partir de desgraças: ídolos que morrem ou se matam, bandas que acabam, inocência que se perde, revistas que fecham, lojas de discos às moscas e outras coisas igualmente lamentáveis.
Ideia pretensiosa, mas combina com o jornalismo cultural iconoclasta que André Forastieri sempre praticou.
Para transmitir suas certezas sobre o mundo pop, cultivadas atuando como jornalista, criador de revistas e sites e empresário, Forastieri não hesita em, literalmente, chutar cachorro morto.
Zé Carlos Barretta/Folhapress |
O jornalista André Forastieri na sede da Rede Record, na zona oeste de São Paulo |
Dedica um capítulo à figura patética de Ronnie James Dio (1942-2010), cantor de heavy metal que classifica como feio e fracassado. Nessas páginas, diz mais sobre a essência do gênero pesado do que algumas biografias quilométricas do Led Zeppelin.
O autor se alinha a pesquisadores que defendem ser a história feita nas rupturas, nas crises. Ele usa cada nuvem negra no céu do pop para demolir ideias bacaninhas antes aceitas sem contestação.
O leitor consegue perceber diferentes "Forastieris".
Quando fala do Clash, aparece o garoto encantado com heróis de guitarra nas mãos.
Quando fala de Kurt Cobain (1967-1994), transparece alguém ao mesmo tempo atraído e intrigado diante de um ídolo que tem praticamente a mesma idade do jornalista.
Quando o assunto é a chamada "nova MPB", quem escreve é o tiozão bravo com meninos supervalorizados.
Em todos esses, um crítico contundente, sem preocupação em agradar. Isso não é pouco. (THALES DE MENEZES)
O DIA EM QUE O ROCK MORREU
AUTOR André Forastieri
EDITORA Arquipélago Editorial
QUANTO R$ 29,90 (182 págs.)
AVALIAÇÃO bom
Livraria da Folha
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