Crítica: Abel Ferrara explora em filme a psique de homem repulsivo
O pior momento de um filme de Abel Ferrara contém mais talento que 99% dos filmes que chegam aos cinemas atualmente. Ferrara é um herói do cinema alternativo americano, sempre atacando temas polêmicos e sombrios.
Em "Bem-Vindo a Nova York", ele se inspirou na história do francês Dominique Strauss-Kahn (DSK), diretor do FMI que, em 2011, foi preso por supostamente violentar uma camareira.
Strauss-Kahn admitiu conduta "imprópria" com a camareira, mas foi solto depois que os promotores encontraram contradições no depoimento da suposta vítima.
Divulgação | ||
Deveraux (Gérard Depardieu) cercado de prostitutas em cena de 'Bem-Vindo a Nova York', de Abel Ferrara |
Gérard Depardieu, em sua melhor atuação em muitos anos, interpreta Devereaux, inspirado em DSK. Entre reuniões com ministros e executivos, Devereaux promove orgias, usa os serviços de prostitutas, cheira e bebe.
O cineasta parece menos interessado nos detalhes do caso do que em explorar a psique de Devereaux, que vê o mundo como um playground para suas fantasias.
O filme é bruto e revoltante. Devereaux é um dos personagens mais repulsivos que o cinema viu em muito tempo. Mas, assim como muitos monstros, são os defeitos que o tornam um personagem interessante. E Ferrara continua incomodando. Que continue assim.
ANDRÉ BARCINSKI é diretor de "O Estranho Mundo de Zé do Caixão", do Canal Brasil
BEM-VINDO A NOVA YORK (WELCOME TO NEW YORK)
DIREÇÃO Abel Ferrara
PRODUÇÃO EUA, 2014
QUANDO 27/7, às 21h, no Theatro Municipal Paulo Gracindo, em Paulínia
CLASSIFICAÇÃO não informada
AVALIAÇÃO bom
Livraria da Folha
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