Arctic Monkeys encerra turnê no Brasil em ano repleto de êxitos
O Arctic Monkeys, que toca na Arena Anhembi nesta sexta (14), em São Paulo, e no HSBC Arena, no Rio, no sábado (15) –este com ingressos esgotados–, é a única banda de rock criada nos anos 2000 que continua no topo.
Alguns vão torcer o nariz questionando: mas e o Arcade Fire? O coletivo canadense é da mesma época, atrai milhares para shows, tem discos celebrados e um, em especial –"Reflektor" (2013) –, que figurou em todas as listas de melhores do ano e vendeu, até agora, 1,1 milhão de cópias no mundo. Mas não faz rock clássico. Faz rock com piano, violino, xilofone "y otros instrumentos más".
Já o quarteto britânico, na configuração clássica de guitarras, baixo e bateria, levou todos os seus cinco álbuns ao primeiro lugar nas paradas da Inglaterra. Mas foi com o recente disco "AM" (2013), base dos shows no Brasil, que Alex Turner, Jamie Cook, Nick O'Malley e Matt Helders deram o passo mais significativo nos EUA, onde vivem.
Leonardo Muñoz/Efe | ||
O vocalista Alex Turner durante show em Bogotá, na Colômbia |
No início de 2014, "Do I Wanna Know", faixa do novo trabalho, ficou na primeira posição do ranking US Alternative Radio Charts por nove semanas, se tornando a canção de rock contemporânea mais tocada nas rádios americanas. Em fevereiro, a banda fez um dos seus maiores shows no país, no Madison Square Garden, em NY, que já recebeu de Led Zeppelin a Beyoncé.
"Tem sido ótimo. Não esperávamos essa reação nos Estados Unidos. Nós adoramos tocar para multidões e esse disco nos ajudou a continuar fazendo isso", diz o baterista Matt Helders à Folha.
"AM" soma dois milhões de cópias vendidas no mundo. Para chegar onde está, o Arctic Monkeys soube se adaptar, ao contrário de outras bandas que também surgiram na era pós-The Strokes –banda americana que comandou um revival do rock de garagem–, na contramão do new metal dominante do fim da década de 1990.
"AM" é quase o avesso de "Whatever People Say I Am, That's What I'm Not" (2006), CD de estreia do grupo que ainda detém o recorde de álbum de lançamento mais rapidamente comercializado no Reino Unido –com 120 mil cópias vendidas no primeiro dia.
O som sujo e acelerado acalmou. Perdeu distorções, mas ganhou influências de R&B e vazios instrumentais.
SALVADORES
O resultado foi aplaudido pela mídia especializada. "AM" ganhou nota 8 do site Pitchfork, a mesma da revista Uncut. Subiu para 10 na avaliação do semanário "NME".
Garantiu a nona posição no ranking dos 50 melhores discos de 2013 da revista "Rolling Stone". Para a "Esquire", a banda "salvou o rock n'roll"!
"Eu gosto de pensar que fazemos algo diferente do rock tocado nas rádios", explica Helders. Um pouco entediado, ele diz: "Temos cinco álbuns com os quais estamos bem felizes, mas tem muito rock bom por aí. O Hives [banda de abertura no Brasil], é rock n'roll puro no palco".
Ao vivo, o Arctic Monkeys também é envolvente. No festival Life Is Beautiful, em outubro, em Las Vegas, –onde pareceu reunir mais fãs do que o maior destaque do evento, o Foo Fighters– Turner flertou com o público. Blasé, bagunçava os cabelos penteados à la Elvis Presley vestindo calças justas e jaqueta de couro, que, há algum tempo, substituíram os moletons desajeitados e tênis dos primeiros anos.
O ar melancólico e as melodias menos dançantes colaboram para criar o clima e liberar uma faceta mais sensual da banda, em especial do vocalista, que derrete a mulherada entoando devagar "I wanna be your vacuum cleaner /Breathing in your dust" ("Eu quero ser o seu aspirador /Respirando em sua poeira"), que abre a canção "I Wanna Be Yours", baseada em um poema do britânico John Cooper Clarke. Por aqui, a recepção deve ser muito mais calorosa.
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