Crítica: Filme é mais para pais e avós que infantojuvenil
"O Segredo dos Diamantes" confirma Helvécio Ratton como um raro diretor brasileiro a investir com regularidade na realização de filmes para o público infantojuvenil.
Depois de "A Dança dos Bonecos" (1986) e "Menino Maluquinho" (1995), a mistura de aventura com situações típicas da tradição mineira coloca seu novo filme num lugar pouco frequentado pela ficção para crianças e jovens, hoje movida a alta tecnologia e velocidade.
O problema maior que a estreia em período de férias terá de resolver é: será que a combinação funciona?
Estevam Avellar/Divulgação | ||
Rachel Pimentel, Matheus Abreu e Alberto Gouvea em cena do filme 'O Segredo dos Diamantes' |
"Um filme para toda a família", anuncia o slogan do longa. Reconstituir a unidade familiar é também o fio do enredo de "O Segredo dos Diamantes". O filme começa com a viagem do adolescente Ângelo com seus pais rumo ao interior, onde vão reencontrar a avó dele e passar um tempo engordando com seus quitutes.
Um evento trágico, contudo, interrompe a alegria e lança o garoto numa série de peripécias para conseguir salvar a vida do pai.
Na busca de um tesouro perdido do século 18, Ângelo se junta à doce Júlia e ao sabido Carlinhos, amigos que completam as faces do espelho desenhadas para captar a diversidade das plateias e proporcionar identificação.
O lado de aventuras da trama não tem nada muito diferente de filmes infantojuvenis de sempre, com os personagens longe dos pais tentando desvendar segredos e se metendo em embrulhadas de vários tamanhos.
Só que em vez de sintonizar a aventura com a velocidade e sensibilidade contemporâneas, "O Segredo dos Diamantes" transpõe as situações para um ritmo e lugares que a tradição mineira e o folclore turístico consideram "autênticos".
Nela, a verdade está guardada no passado, a história é o único caminho da revelação, o antiquário e os sebos são lugares que escondem segredos e as riquezas ficaram protegidas por astúcias da religião.
Mesmo que seja louvável o investimento no resgate de tradições, a escolha pode ser um obstáculo para manter interessado o público infantil e juvenil atual.
Para entreter a plateia contemporânea, o filme insere um punhado explícito de efeitos visuais, só que tropeça no ritmo da ação quando prefere enfatizar a mensagem, o aprendizado de lições. Assim, confunde-se mais com uma aula do que com um divertimento de férias.
Se seu artesanato muito bem cuidado o afasta da memória do cinema circense dos Trapalhões, por outro lado o coloca em desigualdade se comparado a modos atualizados de rever o passado, como a franquia americana "Uma Noite no Museu".
Em suma, se seu encantamento pode funcionar para pais e avós, filhos e netos que os acompanham ligarão toda hora os celulares para saber se falta muito para acabar.
O SEGREDO DOS DIAMANTES
DIREÇÃO Helvécio Ratton
ELENCO Matheus Abreu, Rachel Pimentel, Alberto Gouvea
PRODUÇÃO Brasil, 2014, 10 anos
AVALIAÇÃO regular
Livraria da Folha
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