Ary Fontoura vive ator decadente em 'O Comediante', que estreia em SP
A montagem de "O Comediante", do gaúcho Joseph Meyer, começou com uma tragédia: após 15 dias na sala de ensaio, o diretor morreu de forma inesperada.
José Wilker (1944-2014) era quem dirigia o peça. "Recebi o texto deste jovem autor, entreguei para o Wilker e ele quis fazer e me dirigir", conta Ary Fontoura, o protagonista.
Na peça, como na vida, há sempre "momentos alegres e momentos tristes", diz Fontoura. E a equipe de "O Comediante" fez do baque causado pela morte do diretor o mote para apresentar um espetáculo que fosse também uma homenagem à altura de Wilker.
Leo Aversa | ||
Os atores Ary Fontoura e Carol Loback na peça 'O Comediante' |
"Se não estivéssemos ensaiando a peça, o vazio seria muito maior", diz Anderson Cunha, que de assistente de direção passou a codiretor.
Cunha afirma ter mantido tudo o que foi proposto por Wilker. "Tinha muita coisa marcada. Já começamos a ensaiar com a maquete do cenário, por exemplo."
Além de a montagem homenagear Wilker, o texto é uma homenagem à arte de interpretar, segundo Cunha. "É a história de um ator que caiu no ostracismo e quer voltar aos dias de glória", conta.
O texto é inspirado no filme "Crepúsculo dos Deuses" (1950), de Billy Wilder. No longa, Gloria Swanson vive uma atriz decadente do cinema mudo que sonha retornar triunfalmente às telas.
"Mas 'O Comediante' é mais leve e brincalhão que o filme", afirma Cunha.
Para Fontoura, o texto "faz um apanhado do mundo do teatro e das possíveis consequências de uma carreira como a nossa". No caso da peça, o personagem perde o limite entre o que é representar e o que é viver.
"O que mais me sensibiliza na peça é a preocupação com a finitude das coisas e das pessoas. Tenho idade avançada, mas tenho entusiasmo e saúde, acho que não devo esmorecer", diz Fontoura, que fará 82 anos no próximo dia 27.
Vai ter festa, claro. "Aproveito tudo o que a vida me oferece, é legal saber viver", diz o ator.
O COMEDIANTE
QUANDO estreia nesta sexta (16); sex., às 21h30; sáb., às 21h; dom., às 19h. Até 15/3
ONDE Teatro Raul Cortez, r. Dr. Plínio Barreto, 285, tel. (11) 3254-1631
QUANTO r$ 70 (sextas) e r$ 80 (sábado e domingo)
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
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