Crítica: Impossível passar indiferente por um filme de Robert Bresson
Não adianta procurar clemência nos olhos de Maria Casarès em "As Damas do Bois de Boulogne" ("Les Dames du Bois de Boulogne", 1945, 14 anos, Arte1, 21h30). Também não há luz.
Esses olhos, aliás, serão essenciais na vingança que ela alimenta contra Jean (Paul Bernard), seu antigo amante, o homem que já não a ama. Hélène armará sua teia, onde irá prendê-lo de maneira terrível.
Mas a trama será menos essencial, tratando-se de um filme de Robert Bresson, do que o sentimento que nos transmite de alguém abandonado à própria sorte.
A beleza dura do preto e branco intensifica a sensação de novidade que foi o surgimento do cinema de Bresson no imediato pós-guerra. Há grandes cineastas, como Eric Rohmer, que não apreciam Bresson. Mas ele permanece um cineasta de cineastas: impossível passar por ele com indiferença.
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