Análise: Após perder cacife no cinema, diretor vê chance na televisão
M. Night Shyamalan sempre se disse um cinéfilo de "gosto comum". Seu diretor predileto é Steven Spielberg; um de seus filmes favoritos é "Tubarão".
Ele nunca acreditou na "teoria do autor", segundo a qual o diretor é o epicentro criativo do filme. Shyamalan não se importa em fazer testes com o público e até a mudar cenas de acordo com o resultado.
"Que vulnerável e degradante é ter um garoto qualquer, durante uma sessão de testes, dizer que seu filme não presta", afirmou o cineasta em 2002. "Quem se submeteria a uma coisa dessas? Bom, eu me submeto, com certeza."
Kevork Djansezian/Reuters | ||
O diretor M. Night Shyamalan |
Shyamalan vem de uma família rica da Índia, que se mudou para os Estados Unidos. Seus pais –ele, médico, ela, obstetra– financiaram seu primeiro longa e ajudaram a bancar o segundo, "Wide Awake".
Seu terceiro filme, "O Sexto Sentido" (1999), o primeiro pago por um grande estúdio, faturou US$ 700 milhões (R$ 2,03 bilhões) e se tornou o 64º mais rentável da história do cinema.
Cinco anos e três filmes mais tarde –"Corpo Fechado" (2000), "Sinais" (2002) e "A Vila" (2004)– Shyamalan tinha acumulado outros US$ 900 milhões em bilheteria (R$ 2,6 bilhões).
Se o público lotava seus filmes, a crítica não era tão amistosa. Muita gente reclamava que os longas do diretor traziam um "truque" no fim, a revelação de um segredo que mudava toda a perspectiva sobre a história.
"Sinais" foi o último filme de Shyamalan a receber críticas positivas. De lá para cá, só desgraça: "A Dama na Água" (2006), "Fim dos Tempos" (2008), "O Último Mestre do Ar" (2010) e, especialmente, "Depois da Terra" (2013) foram destruídos. "Será este o pior filme já feito?", escreveu Joe Morgenstern, do "The Wall Street Journal".
O público também parece ter perdido a paciência. De seus últimos quatro filmes, só o pavoroso "O Último Mestre do Ar" teve boa bilheteria. O cacife de Shyamalan caiu tanto que, nos trailers de "Depois da Terra", seu nome mal aparecia.
Por isso, sua estreia na TV, com "Wayward Pines", pode ser tão importante para o diretor. Se, há 15 anos, o nome de Shyamalan bastaria para aumentar o interesse por uma série, agora ocorre o inverso: é a TV que pode ressuscitar sua carreira.
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