Com excesso de fofura, 1º filme da competição em Cannes não empolga
O diretor japonês Hirokazu Kore-eda, vencedor do prêmio do júri de Cannes há dois anos por "Pais e Filhos", abriu a competição oficial da 68ª edição do festival francês, nesta quarta-feira (13).
Mas "Our Little Sister", adaptação do mangá criado por Akimi Yoshida, em 2007, não empolgou os jornalistas presentes: no fim da projeção, um silêncio cortado apenas por aplausos isolados na sala Bazin -uma das menores do festival.
"Our Little Sister" traz o estilo melodramático de Kore-eda para contar a história íntima feminina sobre três irmãs que recebem a notícia da morte do pai, homem que as abandonou quando pequenas para viver com outra mulher em uma cidade diferente. O trio viaja para o funeral e conhecem a irmã caçula por parte de pai, Suzu (Suzu Hirose), uma adolescente brilhante e educada.
A irmã mais velha, Sachi (Haruka Ayase), responsável pela criação das duas outras menores, decide chamar a menina, que estava sendo criada pela madrasta após a morte do pai mulherengo, para morar com elas. Ela aceita e serve como evento catalisador de mudanças no núcleo familiar.
Sachi trabalha em um hospital e tem um caso com um dos médicos, contrariando tudo o que acredita em relação ao abandono do pai. Yoshi (Masam Nagasawa), a do meio, trabalha em um banco, mas gosta mesmo de beber. E a menor das três, Chika (Kaho), tem um comportamento infantil.
Obviamente que Kore-eda mostra como a inclusão de Suzu quebra a dinâmica do trio. O problema é que não existe conflito no roteiro do longa. A nova integrante se adapta facilmente à nova situação, as irmãs a recebem sem muito drama e nada ao redor das três gera drama, apenas uma dose pesada de fofura.
Em determinado momento, o diretor japonês usa o namorado de Yoshi para sugerir uma tensão que nunca se cumpre a respeito de Suzu e de uma possível armação envolvendo a herança do pai.
"Our Little Sister" é um festival de risadinhas, trocas de gentilezas e respeito mútuo em exagero que poderia cair bem em uma exibição para grupos de autoajuda. Mesmo com as tomadas lindas de Kore-eda e do interior do Japão, ele falha em produzir um longa-metragem instigante ou emocionante.
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