Após luta contra o câncer, Sharon Jones volta ao Brasil 'melhor do que nunca'
Sharon Jones havia acabado de comemorar o aniversário quando falou com a Folha, no início de maio. "Tenho 59, estou melhor do que nunca. Desejo a vida. Toda vez que subo no palco, pode ser a última."
E quanta coisa aconteceu na vida de Jones desde a última vez em que ela subiu num palco brasileiro, em 2011. Considerada hoje a maior voz do soul, a diva começa nesta sexta (22), em Porto Alegre, uma turnê pelo país, que chega na terça (26) a São Paulo.
Fenômeno tardio, soulman Charles Bradley agradece a Deus 'cantando do fundo da alma'
Acompanhada por sua banda, os Dap-Kings, lançou o elogiado "Give People What They Want" (2014), indicado ao Grammy de melhor disco de R&B em 2015. O álbum saiu em meio a uma luta de Jones contra um câncer no ducto biliar descoberto em 2013 e que a obrigou a adiar o disco.
Jake Chessum/Divulgação | ||
A cantora Sharon Jones, que se apresenta no Brasil em maio |
Uma canção em especial a alimentou durante o tratamento: "Get Up And Get Out" (levante-se e vá embora), que "cantava com o coração". "Sentia que dizia ao câncer: 'Ei, levante-se e vá embora'."
Sharon Jones lançou o primeiro álbum aos 46 anos, em 2002, com os Dap-Kings –banda que emprestou a Amy Winehouse na gravação de "Back to Black".
Antes, cantava em igrejas, mas ganhava a vida como agente penitenciária e guarda de banco. Foi descoberta em 2000 por Gabriel Roth, fundador da Daptone, quando fazia backing vocals para Lee Fields.
"Estava lá quando começou. Vejo a gravadora crescendo e penso: 'Somos a Motown e a Stax dos dias de hoje'", diz.
A comparação com as gravadoras que formavam o panteão do soul dos 1960 e 1970, porém, tem limites. "Se quiserem chamar de revival, ok. Só não chamem de retrô, pois parece que sou uma jovem imitando, querendo substituir alguém", conta. "Não sou jovem e não imito ninguém. Sou uma cantora de soul."
Tanto é que, como uma legítima diva do soul, usa a voz para criticar o racismo nos EUA e as mortes de jovens negros por policiais americanos.
"As vidas de jovens e adultos negros são roubadas desde sempre. A polícia te rotula [como negro] e simplesmente te pega. Agora finalmente estão vendo, fotografando."
E alfineta Obama: "Levamos anos de luta por direitos civis para eleger um presidente negro. Espero que quando ele levantar da cadeira e fizer algo, as coisas mudem".
SHARON JONES & THE DAP-KINGS
QUANDO em Porto Alegre sex. (22), às 21h; em Curitiba sáb. (23), às 21h; em São Paulo ter. (26) e qui. (28), às 22h; no Rio sex. (29), às 22h; em Paraty sáb. (30), às 23h
ONDE em Porto Alegre no Teatro do Bourbon Country, av. Tulio de Rose, 100; em Curitiba no Centro Cultural Teatro Guaíra, r. 15 de Novembro, 971; em SP ter. (26) no Bourbon Street, r. dos Chanés, 127, e qui. (28) no HSBC Brasil, r. Bragança Paulista, 1.281; no Rio, no Vivo Rio, av. Infante Dom Henrique, 85; em Paraty, no Palco da Matriz, Igreja de Nossa Senhora dos Remédios
QUANTO em Porto Alegre de R$ 245 a R$ 350; em Curitiba de R$ 240 a R$ 340; em SP R$ 195, no Bourboun Street, e de R$ 190 a R$ 380, no HSBC Brasil; no Rio de R$ 160 a R$ 350; em Paraty, grátis
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade