Apresentadores mirins do SBT são proibidos pela Justiça de ir ao ar
Poucas coisas poderiam azedar a viagem de Matheus Ueta Lima, 11, à Disney: saber pela internet que havia sido proibido de apresentar o "Bom Dia e Cia", matutino infantil do SBT, era uma delas.
O juiz Flavio Bretas Soares, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, determinou na segunda (13) que os apresentadores mirins Ana Julia, 9, e Matheus parassem de trabalhar no programa, televisionado em dias de semana das 9h às 13h30. Um dos motivos do veto era a extensão do horário de trabalho.
Na última semana, o programa já estava desfalcado.
Zanone Fraissat/Folhapress | ||
O apresentador mirim Matheus Ueta Lima, agora proibido de apresentar o "Bom Dia e Cia", do SBT. |
Ana Julia aparecia sozinha na TV, pois Matheus, que começou a atuar com três anos, está em férias com os pais.
Mas na terça (14) nem a menina subiu ao palco. Silvia Abravanel, 45, diretora do programa e filha de Silvio Santos, decidiu ela mesma tomar a frente das câmeras. Às 9h, entrou no palco da atração, brincou com o coelho e rodou a roda de prêmios. Deu dois videogames e pediu ao público: "Me ajudem, não deixem de assistir ao programa".
Procurado, o tribunal informou que não comentará o caso. O SBT tampouco comenta a determinação, mas a Folha apurou que uma audiência sobre o tema está programada para esta semana.
"Felizmente os tribunais estão tomando essas decisões. Ninguém mais aceita crianças trabalhando em fazendas. No entanto, por o trabalho artístico ser 'limpinho', as pessoas não têm essa sensibilidade. Mas é trabalho infantil, e por muitas horas seguidas", diz Josiane Rose Petry, professora de direito da criança na UFSC.
PALAVRA ADULTA
O juiz já havia determinado que outros artistas sub-18 parassem de trabalhar.
Determinou a suspensão dos atores Matheus Braga, 13, e Kaleb Figueiredo, 10, do elenco da peça musical Memórias de Um Gigolô, que estreou na segunda (13).
Um dos motivos alegados pelo juiz no ofício é que os garotos profeririam a palavra "masturbação", de acordo com o texto do espetáculo.
O diretor da peça, Miguel Falabella, levou os garotos de bocas vedadas ao palco do Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, para um protesto.
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