Com tempero de Hitchcock, best-seller 'A Garota no Trem' chega ao Brasil
Depois quatro romances sem sucesso, a jornalista Paula Hawkins, 43, decidiu dar uma última cartada na ficção antes de voltar para um jornal ou até buscar um outro tipo emprego.
Deu certo: "A Garota no Trem" virou best-seller, bateu recordes e transformou Hawkins em celebridade do mercado literário.
O livro chegou nesta semana ao Brasil pela editora Record com a fama de estar há 27 semanas entre os mais vendidos da lista do "New York Times", 20 delas em primeiro lugar.
No Reino Unido, desbancou o recorde de 19 semanas de "O Símbolo Perdido" de Dan Brown, best-seller de 2009.
Anna Huix/The New York Times | ||
Paula Hawkins, autora do best-seller "A Garota no Trem", em janeiro de 2015 |
Celebra 4 milhões de cópias vendidas, a tradução para 44 línguas e a expectativa de virar filme, após ter os direitos adquiridos pela Dreamworks.
"Estava otimista, mas nunca pensei que seria um fenômeno. É maravilhoso, mas assustador porque todas essas pessoas estão com seu livro nas mãos e tendo opinião sobre ele", diz a escritora, nascida no Zimbábue e vivendo em Londres desde 1989.
Ela recebeu a Folha nesta quinta (30) para uma entrevista em Londres. Afinal, o que todos querem saber: qual a fórmula para um best-seller? "Na verdade, é um mistério, porque se você soubesse exatamente porque é um best-seller, faria a mesma coisa da próxima vez. É difícil responder, são vários fatores, as pessoas se prendem num suspense".
Rachel é a "garota" que pega todo dia o trem, às 8h04, de Ashbury para a estação de Euston, em Londres.
É uma alcóolatra paranoica, em decadência profissional e pessoal, que alterna a narração do livro com outras duas mulheres, Anna e Megan.
A primeira é casada com o ex-marido de Rachel, Tom. Megan não conhece Rachel, mas Rachel conhece Megan. Todos os dias, quando faz o trajeto de trem, a observa com o marido, Scott, nos jardins da casa.
Megan desaparece e, a partir daí, a história se desenrola como um típico escândalo de tabloide inglês. Rachel é o personagem chave para desvendar o mistério, mas a bebida prejudica sua memória.
"Queria algo envolvendo trens, porque estou acostumada a usá-los, é uma coisa de Londres, e queria também escrever sobre alguém com problema com bebida e que isso afetasse sua memória", conta Hawkins.
O suspense leva temperos de Hitchcock, sustentado numa narrativa ofegante das personagens. "Eu gosto de Hitchkok. Queria criar um tipo de atmosfera dele, como a paranoia claustrofóbica, um suspense em que todos personagem duvidam sempre um do outro", diz a escritora.
Ela reage com um certo incômodo às comparações feitas com o livro "Garota Exemplar" (Gilian Flyin).
"Bem, é um ótimo livro,mas são bem diferentes. Acho que a comparação é feita porque as duas protagonistas são muito problemáticas e não confiáveis. Amy ("Garota Exemplar) mente, enquanto Rachel não consegue lembrar o que fez", diz.
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Depois do best-seller, os 15 anos de jornalismo de Paula Hawkins, ao que parece, ficaram para trás: "Eu sinto falta de algumas coisas, como do ambiente de redação, mas não estava feliz. E nos últimos anos, os jornais britânicos não têm sido lugares bons para trabalhar, são tempos difíceis, foi um momento bom para sair".
A GAROTA NO TREM
AUTOR: PAULA HAWKINS
TRADUÇÃO Simone Campos
EDITORA: RECORD
QUANTO: R$ 35 (378 PÁGS.)
Livraria da Folha
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