CRÍTICA
Convencional, comédia com De Niro frusta expectativas
Viúvo e setentão, Ben Whittaker (Robert De Niro) está infeliz com a monotonia de sua vida de aposentado. Resolve então se candidatar a um posto de estagiário sênior na empresa de vendas on-line comandada pela "workaholic" Jules Ostin (Anne Hathaway).
Apesar de ter o triplo da idade da maioria dos colegas e de desconhecer as novas tecnologias, Ben consegue romper preconceitos graças ao seu charme de cavalheiro à antiga.
O argumento parece indicar que essa comédia trata do eterno conflito de gerações, que toma novos contornos nos dias de hoje. O assunto, aliás, rende algumas piadinhas no começo do filme.
À medida que a história avança, porém, fica claro que o tema é o dilema da mulher contemporânea, às voltas com o difícil equilíbrio entre o trabalho, que absorve todo o seu tempo e energia, e a família.
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Robert De Niro e Anne Hathaway em "Um Senhor Estagiário" |
Essa é a situação de Jules, jovem que criou sua empresa há menos de dois anos e está sendo vítima do próprio sucesso. Formada em Harvard, ela adora o que faz, conhece perfeitamente todas as engrenagens do seu negócio, mas tem dificuldade de acompanhar o ritmo frenético do dia a dia.
Jules "terceirizou" o papel de mãe para o marido Matt (Anders Holm), que renunciou à carreira profissional para cuidar da filha de ambos.
Nesse contexto, é de se esperar que ela não preste muita atenção em Ben assim que ele chega à empresa cheio de gás para passar sua experiência àquele bando de jovens. Mas aos poucos eles se aproximam e se tornam bons amigos.
E o filme fica nisso. Apesar das diferenças entre Jules e Ben, são dois personagens sem grandes conflitos, sem grandes questões. Ben não precisa do estágio, pois vive muito bem. Jules também está com a vida ganha. O problema conjugal dela, que emerge perto do final, é previsível, assim como seu desfecho.
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Anne Hathaway e Robert De Niro em "Um Senhor Estagiário" |
Convencional e carente de ideias, o roteiro conta uma história leve e inócua. Para piorar, a narrativa mostra uma Nova York pasteurizada, sem um pingo de sua diversidade: não há um asiático, negro ou latino nas ruas e escritórios. E o merchandising de certa marca de computadores e celulares chega a irritar pela onipresença.
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