Virtuosismo marca apresentações do festival Mimo em Paraty
Com público menor e programação reduzida em relação ano anterior, a terceira edição do festival Mimo, em Paraty, compensou pelo virtuosismo da escalação. A começar pelo homem-banda britânico Jacob Collier, 21 anos, que encerrou a primeira noite do festival, na sexta (4).
Guardem o nome de Collier, considerado o "novo messias do jazz" pelo jornal inglês "The Guardian": ele prepara para o início de 2016 um álbum em parceria com Quincy Jones, produtor de Michael Jackson em "Thriller".
O show em Paraty foi o terceiro de sua carreira —um foi no Festival de Montreux e o outro, promovido pela BBC. Ele começou aos 17, gravando em casa uma versão em que emulava os arranjos de "Don't You Worry 'Bout a Thing", de Stevie Wonder, apenas com a voz.
Gabriela Sá Pessoa/Folhapress | ||
O homem-banda britânico Jacob Collier, 21 anos |
A música foi a escolhida para abrir o show, em que se revezava entre piano, guitarra, bateria e escaleta. Tudo com a ajuda de um instrumento que ele mesmo desenvolveu com um amigo, aluno do MIT: o harmonizer.
A geringonça futurista, como explicou em oficina no de sábado (3), parece com um sampler, que capta a voz por um microfone e a amplia em diferentes notas, que servem como base para os arranjos que cria na hora.
A audiência ficou dividida: parte não deu bola para Collier, parte assistia ao show boquiaberta. Diferente da noite de sábado (3), quando os pífanos, pandeiros e tambores de Carlos Malta e Pife Muderno animaram, mesmo sob uma garoa intermitente, com clássicos de Edu Lobo e Luiz Gonzaga.
Quando ouviu Salif Keita, Paraty dançou. Pouco depois da meia-noite, o cantor, herdeiro do Império Mali e considerado "a voz de ouro" da África, sentou-se em uma cadeira e lá ficou até a metade do show, impassível. Acabou terminando o show aos pulinhos (como o público), acompanhado pela banda de músicos conterrâneos.
Segundo a organização, o Mimo reuniu 11 mil pessoas de sexta (2) a domingo (4). O número leva em conta toda a programação, gratuita: oficinas, mostra com oito documentários e concertos nas igrejas. Menos do que em 2014, quando atraiu 16 mil à cidade histórica.
Para Lu Araújo, idealizadora da festa, a previsão de chuva em Paraty e os reflexos da crise econômica par o turismo prejudicaram. Nada que a desanime de seguir com a versão paratiana do festival que criou em Olinda, há 11 anos, já em produção.
Em novembro, o evento segue para o Rio e para Olinda, também com shows gratuitos que privilegiam a música instrumental.
A jornalista GABRIELA SÁ PESSOA viajou a convite do festival Mimo
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