CRÍTICA
Recheado de violência, 'American Ultra' fracassa no humor
O diretor Nima Nourizadeh estreou em longas-metragens com "Projeto X: Uma Festa Fora de Controle" (2012), comédia marcada pela desmedida. Este aspecto também dá o tom de "American Ultra: Armados e Alucinados", seu segundo filme, igualmente destinado a adolescentes em busca de emoções fortes.
Vendido como comédia de ação delirante, "American Ultra" é um filme recheado de explosões e violência gratuita, com boas pitadas de drama romântico.
Mike Howell (Jesse Eisenberg) leva uma vidinha monótona com sua namorada Phoebe (Kristen Stewart), numa pequena cidade perdida nas profundezas dos EUA, onde trabalha como caixa num mercadinho. Pacato, grande consumidor de maconha e sem grandes ambições, ele poderia até ser feliz, caso não sofresse de súbitas fobias e crises de ansiedade.
Um dia, estupefato, esse perfeito "loser" descobre que é um agente secreto cheio de habilidades e poderes –como matar usando uma simples colher–, cuja memória fora apagada, e que a CIA, por alguma razão obscura, resolve eliminar a qualquer preço.
Divulgação | ||
Kristen Stewart e Jesse Eisenberg em "American Ultra" |
Apesar de inspirado num projeto de manipulação da mente conduzido pela CIA nos anos 1950, o filme pretende ir além da realidade. Nessa linha, faz uma paródia da série de filmes com o personagem Jason Bourne, mas nunca atinge um nível de sarcasmo e ironia compatível com suas autoproclamadas ambições cômicas.
MOTIVOS DO FRACASSO
Se há algum humor no filme, este reside no contraste entre a indolência de Mike e a ferocidade das tropas federais que estão em seu encalço e em algum personagem secundário –como o traficante burlesco interpretado por John Leguizamo (o Tebaldo Capuleto de "Romeu + Julieta").
A narrativa fracassa como comédia por duas razões principais: abusar dos mais banais códigos dos filmes de ação –como planos fechados, montagem trepidante e rock pesado na faixa sonora– e apelar para o drama romântico, pois as problemáticas sentimentais envolvem permanentemente o casal.
Jesse Eisenberg e Kristen Stewart defendem muito bem seus personagens introvertidos e desamparados pela irrupção de acontecimentos, mas não conseguem evitar que o filme gire em falso, sobretudo na segunda metade, quando os pendores de Nourizadeh pela piromania dominam a narrativa.
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