CRÍTICA
Sem personalidade, 'A 5ª Onda' é só cópia de distopia adolescente
O principal, talvez único, mérito de "A 5ª Onda" é jamais disfarçar suas intenções. Já na primeira cena, fica claro que a produção vai copiar a fórmula de sucesso de filmes recentes para "young adults" (jovens adultos).
Como em "Jogos Vorazes" e "Divergente", "A 5ª Onda" traz como protagonista uma adolescente -Cassie (Chloë Grace Moretz), de 16 anos- que, em um futuro distópico, torna-se esperança para salvar o mundo.
Enquanto luta pela sobrevivência de si mesma, de sua família e da humanidade, ela encontra tempo para descobrir o amor e se dividir entre dois rapazes fortes, porém sensíveis.
Há ainda o indefectível grupo de jovens rebeldes que se forma para combater um núcleo de poder ambíguo, manipulador. E esse poder será obrigatoriamente liderado por algum ator de renome (no caso, Liev Schreiber), em uma tentativa de emprestar credibilidade à produção.
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Os atores Alex Roe e Chloë Grace Moretz em cena do filme de ficção científica 'A 5ª Onda' |
Tendo repetido a essência da fórmula, resta ao filme buscar alguma identidade nos detalhes. Baseado no "best-seller" de Rick Yancey, "A 5ª Onda" mostra uma invasão alienígena que tenta destruir a humanidade em quatro fases: corte de qualquer tipo de energia, inundações, gripe aviária e uma ocupação por terra.
Nesse prelúdio, o filme parece um pout-pourri de ficção científica, com um pouco de "Independence Day", "O Dia Depois de Amanhã", "Guerra dos Mundos", "Eu Sou a Lenda", "Epidemia" e assim vai.
Na quinta onda -em que os alienígenas assumem forma humana para dominar o mundo-, a inspiração se torna mais singular: "Vampiros de Almas" (1956), de Don Siegel, talvez o filme de ficção científica mais copiado da história.
O resultado dessa colcha de retalhos é, inevitavelmente, um filme sem personalidade.
Mas o maior problema de "A 5ª Onda" não é sua porção apocalíptica, mas seu entrecho romântico, no qual Cassie esquece seu amor platônico por um garoto de colégio (Nick Robinson) para viver uma paixão carnal com um misterioso fazendeiro (Alex Roe).
Nesse momento, o filme substitui o genérico pelo risível, com diálogos que envergonhariam os autores de novelas brasileiras.
Ao final, sempre transparente nas suas intenções, "A 5ª Onda" deixa patente sua vontade de se tornar uma franquia -um desejo que pode ser frustrado pela má qualidade desse primeiro episódio.
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