crítica
Grupo trafega com fluidez por mosaico de coreografias curtas
Ao fazer um balanço de duas décadas de existência, a Companhia de Danças de Diadema resolveu convidar nove coreógrafos que já passaram pelo grupo para compor o espetáculo inédito "por+vir" e, de quebra, mostrar a diversidade de linguagens que acompanha a trajetória do grupo.
É interessante notar que esses criadores não abandonaram suas essências e tampouco a difícil profissão ao longo dos anos.
Ao contrário, tornaram-se nomes reconhecidos no cenário da dança brasileira. São eles: Ana Bottosso, Cláudia Palma, Fernando Machado, Henrique Rodovalho, Luís Arrieta, Mário Nascimento, Pedro Costa, Sandro Borelli e Sérgio Rocha.
Por se tratar de uma coletânea de pequenas coreografias, de estilos diferentes, havia grande chance de "por+vir" se assemelhar a um festival de danças, quase um "divertissement" (coreografias separadas do enredo principal de um espetáculo) de academia.
Paulo Cesar Lima/Divulgação | ||
Espetáculo "por+vir", da Companhia de Danças de Diadema |
Mas a boa costura e as transições bem encadeadas pela também diretora Ana Bottosso deixam o resultado fluido e gostoso de ver.
A obra começa com "Nós de Nós", de Cláudia Palma, do lado de fora do teatro, para aquecer e colocar a plateia no clima. Na sequência, Bakú, de Bottosso, apresenta melhor cada integrante da companhia, formada predominantemente por jovens bailarinos. Vale dizer que o elenco é irregular, mas que exala talento e vontade.
"Caminhos Traçados", criação coletiva de Pedro Costa em parceria com os bailarinos, tem força, trabalha bem os conjuntos e mostra justamente que criar em grupo pode render frutos interessantes à companhia. Fernando Machado aposta em um casal de mulheres em "pas de deux" bem coordenado e limpo: "Entre Pontos".
Já "Gárgulas", de Sandro Borelli, mostra duos de curta duração em trilha sonora oriental que atravessam o palco, primeiro na boca de cena e depois ao fundo, voltando ao primeiro plano. As passagens, cheias de clima, acabam servindo como transições.
"Esse Samba É Meu", de Sérgio Rocha, anima a plateia, mas sobretudo faz um casamento feliz dos passos de samba com os contemporâneos. Também vale destacar "Entremeios", de Mário Nascimento, que mostra coreografia empenhada, com boa luz e trilha sombria repleta de sons de latidos, trovões e gritos. O "traço" de Mário está todo ali.
Em "1+Um", Henrique Rodovalho apresenta um "pas de deux" leve e bem executado. E "Novena", do mestre argentino Luís Arrieta, traz todo o elenco em uma procissão que se desenrola em três tapetes. Com forte atmosfera religiosa, é boa escolha para encerrar o espetáculo como um mosaico de estilos da dança brasileira.
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