FHC retrata personalidades da história nacional na série 'Inventores do Brasil'
"No mundo de hoje, quando se constroem explicações psicanalíticas, ele tinha tudo para dar errado. E seria fácil achar motivos: a mãe morreu quando ele tinha 1 ano de idade, e o pai deixou-o quando tinha 5." A definição é de um ex-chefe de Estado, Fernando Henrique Cardoso, para outro, dom Pedro 2º.
O último imperador brasileiro é o primeiro a ser perfilado pelo ex-presidente em "Inventores do Brasil", série documental que estreia no Canal Brasil neste domingo (1º).
Primeiro trabalho de FHC como apresentador de TV, o programa se dedica às vidas de 19 brasileiros ligados à política e à intelectualidade.
Com direção de Bruno Barreto e roteiro de FHC e do jornalista Elio Gaspari, colunista da Folha, a série conta uma "história das ideias de Brasil", na definição do ex-presidente.
Caue Porto/Divulgação | ||
Fernando Herinque Cardoso em cena de 'Inventores do Brasil' |
Na estreia, o tucano circula pelo Museu Imperial de Petrópolis descrevendo o dom Pedro reservado, tolerante, mecenas da cultura e da ciência, mas também aquele que deu suporte ao sistema escravocrata. Sobra tempo para FHC falar do amor adúltero do monarca pela condessa de Barral ou explicar que sua "barba crescida servia para esconder o queixo proeminente de sua família".
O gancho da escravidão leva o ex-presidente às ruínas do cais do Valongo, onde os cativos africanos eram expostos no Rio, para contar a história de Joaquim Nabuco e do abolicionismo nacional.
Em meio ao tom elogioso, Nabuco é descrito como "bonito, elegante, conhecido como Quincas, o belo".
O apresentador neófito navegará ainda por figuras como Getúlio Vargas (que "moldou o Estado do século 20, com a praga do corporativismo"), Campos Salles ("salvou as finanças nacionais") e pelos "personagens que 'desinventaram' a democracia no início dos anos 1960": Jânio Quadros, João Goulart, Leonel Brizola, Carlos Lacerda e Humberto Castelo Branco.
O último é apontado como alguém que "apesar do regime autoritário, [foi] um dos autores do saneamento financeiro e de reformas estruturais que ainda sobrevivem". A caminhada vai até Tancredo Neves, morto em 1985.
Faz sentido que a série não arrisque pôr um dos principais nomes da (ainda) oposição para comentar sobre a era pós-redemocratização.
NA TV
Inventores do Brasil
Estreia da série
QUANDO dom. (1º), às 21h, no Canal Brasil
Livraria da Folha
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