crítica
'Exilados do Vulcão' está mais para videoarte do que para cinema
Todo artista que faz uma obra extremamente pessoal corre o risco de alienar boa parte do público. É o que ocorre com o filme "Exilados do Vulcão", de Paula Gaitán. Rodado em 2011 e premiado em 2013 como o melhor filme do Festival de Brasília, só agora chega ao circuito comercial.
A premiação foi polêmica. Segundo relatos, muita gente deixou a sessão no meio, certamente por culpa do hermetismo e ritmo lento do filme. De fato, aguentar os 125 minutos desse trabalho experimental não é para qualquer um.
O filme não tem diálogos, apenas monólogos esparsos de alguns personagens, e traz sequências longuíssimas em que pouco acontece. Foi uma escolha estética da diretora, a qual ela tem todo o direito, mas que certamente não facilita a vida do espectador.
Divulgação | ||
A atriz Clara Choveaux em cena de 'Exilados do Vulcão', filme dirigido por Paula Gaitán |
A trama, se é que dá para chamá-la assim, de tão obscurecida, é inspirada no romance "Sobre a Neblina", de Christiane Tassis, e envolve uma mulher (Clara Choveaux) que tenta reconstituir os passos de seu amante (Vincenzo Amato), um fotógrafo. Ela salva de um incêndio algumas fotos e um diário, que usa para refazer o caminho do sujeito.
Sucedem-se cenas enigmáticas e povoadas por mulheres que se relacionaram com o fotógrafo. Não dá para dizer o que é realidade e o que é imaginação, ou separar memória de sonho. Algumas sequências são bonitas, com fotografia impressionista, já outras parecem durar além da conta.
Paula Gaitán, última mulher de Glauber Rocha e mãe do cineasta Eryk Rocha, não parece tão preocupada em contar uma história quanto em evocar sensações e climas. A cineasta fez um filme que mais se aproxima da videoarte. Talvez fosse o caso de exibi-lo em galerias de arte.
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