PMDB pede investigação da prefeitura por protestos contra Temer na Virada
Protestos de artistas contra Michel Temer, que apareceram em grande parte dos shows da Virada Cultural deste ano, levaram a bancada do PMDB na Câmara de São Paulo a pedir ao procurador-geral de Justiça do Estado a abertura de investigação contra a prefeitura da capital.
Os vereadores alegam, na representação protocolada nesta segunda (23), que houve uso da máquina pública para incitar a população contra o presidente interino.
O texto, assinado por George Hato, Nelo Rodolfo e Ricardo Nunes, acusa ainda o prefeito Fernando Haddad (PT) de "utilizar recursos públicos para cumprir missões partidárias".
Procurada, a prefeitura negou que tenha relação com os atos. "Quaisquer manifestações ocorridas durante a Virada Cultural foram de iniciativa e responsabilidade dos artistas e do público em geral", diz, em nota.
A empresa responsável pelo equipamento de projeção dos shows do evento é contratada pela gestão municipal. O conteúdo exibido, no entanto, é criado pelas equipes dos artistas e não passa por nenhum tipo de análise, segundo a prefeitura.
'CENSURA'
Em entrevista coletiva para apresentar a 20ª edição da Parada Gay na manhã desta terça, Haddad afirmou que, com a representação, o PMDB "está pedindo censura".
"Não posso censurar ninguém. O PMDB está pedindo censura. Primeiro quer extinguir o Ministério da Cultura, depois introduzir a censura na cultura. Vai ficar cada vez mais difícil com a classe artística", afirmou.
"A gente não contrata artista por viés ideológico. Lobão já fez show na Virada na minha gestão, Leci Brandão também, Criolo. Tem de tudo na Virada. É a liberdade de expressão do artista, não pode ser censurada", afirmou.
"O que o artista vai cantar, o que ele vai dizer no palco, o que ele passa no telão, como a plateia vai reagir não passam por censura. A não ser que se crie uma instância de censura. O PMDB está propondo uma instância de censura?", questionou.
Para o prefeito, a classe artística se insurgiu contra a tentativa de extinção do Ministério da Cultura, por isso as manifestações na Virada Cultural. "Acho que é mais um factoide político, estão querendo fazer graça, aparecer, do que outra coisa. Não faz sentido isso."
Responsável pela distribuição de cartazes com frases contrárias a Temer em vários dos shows da Virada, o movimento Ocupe a Democracia, composto de artistas, produtores e ativista, disse em sua página no Facebook que os protestos foram organizados de forma independente.
"As ações que puxaram o #TemerJamais, seja a produção de camisetas usadas por artistas nos palcos, imagens utilizadas nos telões ou faixas estendidas nos shows, foram produzidas de forma independente, com recursos arrecadados por seus participantes e não têm qualquer relação com a Prefeitura de São Paulo e o prefeito Fernando Haddad", afirma o comunicado.
Fabio Braga/Folhapress | ||
Show do cantor Criolo na Virada Cultural 2016 exibe a frase "Temer Jamais" em telão |
CRIOLO
No documento apresentado ao Ministério Público, os vereadores citam a exibição da frase "Temer jamais", durante o show do paulistano Criolo, em um telão instalado na praça Júlio Prestes
A apresentação foi uma das mais carregadas de tom político de toda a Virada. O MC Dan Dan, que acompanhou o rapper no palco em dado momento, apareceu com uma folha de papel grafada com a mesma mensagem.
Ele ainda exibiu uma faixa com as palavras "ocupa tudo", em apoio às ocupações de prédios públicos em ao menos 18 capitais, que agora cobram a saída do presidente interino.
A assessoria de Criolo não comentou.
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