crítica
Artimanhas desgastadas dão sustos em 'Invocação do Mal 2'
Ser original no terreno dos filmes de horror é um desafio dos mais complicados, ainda que a natureza desse universo seja propícia a mentes que pensam fora da caixa. Como assustar a plateia e despertar seus temores? James Wan, em geral, tem boas respostas.
Diretor de "Invocação do Mal 2", que estreia nesta quinta, o malaio é um dos nomes mais talentosos do gênero e deixou isso claro em pelo menos três longas: "Jogos Mortais" (2004), "Sobrenatural" (2010) e no primeiro "Invocação do Mal", lançado há três anos. O que explica o tamanho da expectativa, sobretudo entre fãs de horror, em relação a esta sequência.
Voltam à cena os caçadores de fantasma Ed e Lorraine Warren. Após enfrentar uma assombrosa experiência no famoso caso Amityville, o casal que investiga forças malignas é convocado, mesmo a contragosto, a avaliar um caso semelhante no norte de Londres. É o final dos anos 1970, e a trilha sonora embalada por "London Calling" nos lembra disso.
Para os padrões normalmente toscos do gênero, a reconstituição de época é um ponto positivo e nos remete a produções como "O Exorcista" e "Poltergeist", claras fontes de inspiração de Wan.
Divulgação | ||
A atriz Vera Farmiga em cena do filme 'Invocação do Mal 2' |
Desta vez, o possuído é a pequena Janet Hodgson (Madison Wolfe), que mora com a mãe e três irmãos numa casa decrépita, onde a poltrona mexe do nada, a TV desliga sem ser acionada e cadeiras voam.
Apesar de garantir sustos, usando à exaustão a combinação de aparições fantasmagóricas em segundo plano e ruídos estridentes, quase tudo soa ultrapassado: o balanço que range no quintal, a garotinha com voz demoníaca, as cruzes invertidas, a Bíblia rasgada... Já vimos isso antes, certo?
Diante da responsabilidade de repetir o êxito do primeiro filme, Wan pisa forte no acelerador e entrega uma obra precipitada. Dá vida a um filme intenso, é verdade, mas descalibrado. Há monstros aos borbotões, cenas banais de romantismo e sequências fofas dispensáveis.
A sensação é semelhante a entrar numa sala mal-assombrada, daquelas de parque de diversões, abrir várias portas aleatórias e se espantar ao dar de cara com almas penadas. Dá medo, mas nada além disso.
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