Após críticas, MinC vai reavaliar nomeação de diretor da Cinemateca
O Ministério da Cultura informou que está "reavaliando" a nomeação de Oswaldo Massaini Filho para o cargo de novo diretor da Cinemateca.
Na manhã da última terça (26), o ministério exonerou 81 funcionários, incluindo os cinco nomes que ocupavam a cúpula da Cinemateca, órgão responsável pela preservação do audiovisual brasileiro.
No mesmo dia, o MinC anunciou Massaini como o futuro coordenador-geral da Cinemateca, até então dirigida por Olga Futemma, demitida com o restante da cúpula.
Ligado ao mercado financeiro, Massaini é de uma família de cineastas, mas sua nomeação foi bastante criticada no meio justamente por ele não ter experiência com a área de preservação.
A coluna "Sem Legenda", da Folha, revelou também que Massaini foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo sob a acusação de ter cometido estelionato contra a apresentadora Márcia Goldschmidt.
Segundo a promotoria, que apresentou suas alegações finais em 2015, Massaini atuava como gestor autônomo de uma corretora de valores e falsificou extratos de investimentos feitos por ela, para que a apresentadora não percebesse "a subtração". Procurado, ele disse não estar "a par" do processo, mas confirmou que atuou para a corretora.
A reportagem apurou que o nome de Massaini já havia sido encaminhado pelo MinC à Casa Civil para que a sua nomeação fosse efetivada.
A assessoria de imprensa do Ministério da Cultura não informou se já há outros nomes cotados para dirigir a Cinemateca.
O setor audiovisual se mobilizou contra a nomeação de Massaini e publicou uma carta aberta com mais de 1.300 assinaturas. O documento critica as demissões sem que houvesse um comunicado prévio e rebate a justificativa do governo federal de que "a medida visa promover 'o desaparelhamento do Ministério da Cultura" e "valorizar o servidor de carreira".
"Olga Futemma [ex-coordenadora-geral, demitida no corte] é funcionária de carreira, tendo se dedicado à Cinemateca desde 1984, onde se aposentou em 2013. Retornou à Cinemateca como coordenadora há exatamente um ano. Não é filiada a partido político, nem milita politicamente. O seu sucessor [Oswaldo Massaini Filho], já anunciado, não é servidor público, nem atua no campo da cultura audiovisual. Pela primeira vez, a indicação de um coordenador-geral não partiu do Conselho Curador, violando prática adotada nos últimos 30 anos pelos sucessivos governos", diz o manifesto.
No início da noite desta quinta (28), a lista contava com mais de 1.300 assinaturas, entre as quais as da Associação Brasileira de Cinematografia, da escritora Lygia Fagundes Telles, dos cineasta Eduardo Escorel, Ugo Giorgetti e Tata Amaral, do ex-secretário municipal de Cultura de São Paulo Carlos Augusto Calil e do escritor João Paulo Cuenca. Lygia, Giorgetti e Calil integram o Conselho da Cinemateca.
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