Crítica
Mesmo se não foi perfeita, foi a melhor coisa do ano na TV do país
Justiça seja feita: a minissérie de Manuela Dias foi a melhor obra de ficção apresentada pela TV brasileira até esta altura de 2016. Com um roteiro ousado, fotografia primorosa e excelente direção de atores, ainda assim "Justiça" não chegou a ser perfeita.
A premissa inicial era algo forçada: quatro pessoas são presas no mesmo dia por crimes distintos e soltas no mesmo dia, sete anos depois.
Cada dia da semana foi de uma trama, apesar de todas se cruzarem. Por isso, é justo analisá-las por separado.
Segunda: A trama mais original foi a de Elisa (Débora Bloch), que se envolve sexualmente com o assassino da filha. A autora soube construir o caso controverso de forma crível, mas o desfecho abrupto comprometeu o resultado.
Terça: A doméstica Fátima (Adriana Esteves), denunciada injustamente como traficante pelo vizinho, Douglas (Enrique Diaz), descobre que sua família foi destroçada ao sair da cadeia. Ao escolher o perdão em vez da vingança, ganhou um final feliz.
Quinta: Aqui houve um desvio. Parecia que a protagonista seria Rose (Jéssica Ellen), condenada por porte de drogas, mas a ação se concentrou em sua amiga Débora (Luisa Arraes), à procura do homem que a estuprou. A menos satisfatória das quatro.
Sexta: Maurício (Cauã Reymond) mata a mulher, Beatriz (Marjorie Estiano) a pedido desta e depois busca destruir o político corrupto que a atropelou, deixando-a tetraplégica. "Plot" interessante, mas desperdiçado uma discussão sobre a eutanásia.
A estrutura, inovadora só para a TV, não afugentou o público, que retribuiu com boa audiência. Eis aí um incentivo para a Globo arriscar mais.
NA INTERNET E NA TV
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