CRÍTICA
Trama sobre o duplo, 'Um Homem Só' se perde entre gêneros
"Um Homem Só" parte de uma situação banal: o cotidiano medíocre de Arnaldo (Vladimir Brichta), asfixiado por um emprego burocrático e pelo casamento com uma mulher que já não suporta, (Ingrid Guimarães).
Ele só se sente um pouco melhor com Mascarenhas (Otávio Muller), colega de trabalho e confidente. Farto da rotina e pouco propenso a ter um filho com Aline, que deseja o bebê para salvar o casamento, ele vê uma saída quando ouve falar numa clínica clandestina especializada em clonagem de pessoas.
Decide encomendar uma cópia de si mesmo, colocá-la em seu lugar e desaparecer, Mas as coisas não saem como o planejado, claro, e História sobre clonagem se perde na confusão de gêneros ele precisa enfrentar seu duplo.
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Mariana Ximenes e Vladimir Brichta no longa de Jouvin |
Enquanto a réplica vive com Aline, já grávida, o original vai trabalhar como coveiro num cemitério de animais domésticos, onde conhece e começa uma relação com a enigmática e irrequieta Josie (Mariana Ximenes), marcada pela morte da mãe.
A partir desse ponto o tom de comédia que predominava passa a coexistir com o registro da comédia romântica e do drama. E mais adiante com o thriller. Essa profusão de gêneros dilui as possibilidades da história.
Clássico na literatura e no cinema, o tema do duplo tem ressonâncias existenciais carregadas de significado que são olimpicamente desperdiçadas pelo roteiro.
O Arnaldo original e a cópia não se diferenciam, são intercambiáveis, o que nivela por baixo o conflito entre eles e a possibilidade de algum encaminhamento interessante ao motivo do duplo.
Da mesma forma, os personagens não têm profundidade. Os traços que poderiam dar singularidade a Arnaldo e Josie não são bem desenvolvidos e essa potencialidade acaba dissolvida pelo tratamento banal do romance.
Algumas situações nada acrescentam à trama ou aos protagonistas. Outro desperdício é a personagem de Leila (Eliane Giardini), madrasta de Josie, que poderia lhe dar outros contornos.
Experiente como roteirista de comédias para TV, Claudia Jouvin se perdeu com a confusão de gêneros e personagens cheios de clichês.
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