crítica
Fiennes é tão expressivo quanto uma porta em 'Terra Estranha'
Divulgação | ||
Joseph Fiennes e Nicole Kidman em cena de 'Strangerland' |
As vantagens e desvantagens de quem quer mostrar de uma só vez tudo que sabe influenciam o resultado de "Terra Estranha".
Em seu primeiro longa de ficção, a australiana Kim Farrant aposta na saturação e no elenco renomado para se diferenciar. O roteiro se baseia em não ditos, evidências da moral deformada de uma família que, em busca de um recomeço, muda-se para um vilarejo onde o passado não a alcance.
Os sinais de distúrbios se manifestam no sorumbático comportamento do garoto Tom e na hipersexualização da adolescente Lilly. Quando os dois desaparecem, o desespero dos pais se embaralha com os desejos escondidos em uma ordem social marcada por preconceitos e com mesclas de folclore místico.
O mistério oferece ao filme motivos para uma primeira parte mais climática, na qual o espaço do deserto e a luz abrasiva se contrapõem aos comportamentos soturnos.
O desdobramento da trama, no entanto, introduz a necessidade de demonstrações psicológicas e, com isso, a diretora precisa transferir seu primeiro investimento nas imagens para o trabalho dos atores.
Enquanto Nicole Kidman não consegue se livrar da máscara do papel que lhe deu um Oscar, Joseph Fiennes nunca chega a ser mais expressivo do que uma porta, e apenas Hugo Weaving abre vantagem com seu aspecto reptiliano.
O desequilíbrio do conjunto evidencia a má influência do cinema de David Lynch sobre jovens cineastas que confundem referência e reverência, o que impede ver se há estilo sob o mimetismo.
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