análise
Broadway se ligou a Hollywood, mas com produções de qualidade
A aproximação do musical com a telenovela, gênero reconhecidamente em decadência, mas ainda popular, reproduz o que aconteceu entre os musicais americanos e os filmes de Hollywood, sobretudo nas últimas três décadas.
A presença crescente de corporações como produtoras na Broadway, não mais restrita a produtores independentes, levou inevitavelmente à busca de maior segurança no retorno dos investimentos, cada vez maiores.
O ponto de inflexão, destacado –e questionado– então por críticos como Frank Rich, do "New York Times", foi a criação há um quarto de século da Disney Theatrical Productions, subsidiária da Walt Disney Company.
De cara, adaptou animações célebres do estúdio como "A Bela e a Fera", em 1993, e "O Rei Leão", em 97. A qualidade dos espetáculos e seu êxito financeiro, principalmente o segundo, desde então na liderança da bilheteria teatral em Nova York, estimularam mais produções na mesma direção.
Entre outras adaptações bem-sucedidas de filmes, contam-se "Os Produtores" (2001), "Hairspray" (02), "Billy Elliot" (05) e "Shrek" (08). De menor sucesso, "Spider-Man: Turn Off the Dark" (10) e "Sister Act" (11).
No Brasil, os mesmos "A Bela e a Fera", "O Rei Leão" e "Billy Elliot" foram montados por uma produtora também de capital aberto, a T4F –que marcou a retomada dos musicais com a abertura em 2001 do Teatro Renault.
Uma primeira aproximação entre musicais e novelas veio com a formação pela Globo de uma concorrente para a T4F, a Geo, que chegou a ter a dupla Möeller e Botelho em sua direção artística.
Uma das produções programadas pela Geo, que durou só três anos, até 2013, era "Dancin' Days", a partir do folhetim global do fim dos anos 1970. O projeto ainda existe, mas agora com trama desvinculada da novela.
Também sem vínculo formal com o programa original foi "Estúpido Cupido", que estreou há pouco mais de um ano. Assim, o marco zero do gênero novela musical acabou nas mãos da Record e "Os Dez Mandamentos".
Ficou três meses em cartaz. Como na Broadway com suas adaptações do cinema, o que move a mudança agora no Brasil é a perspectiva de bilheteria. Mas esta não se confirma sem a qualidade.
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