Para Tatá Werneck, que estrela o filme 'TOC', humor é ferramenta política
Tão conhecidos são alguns artistas que o público já sabe quando respiram entre uma fala e outra, como olham para a câmera e até quando soltam uma piada.
Não é o caso de Tatá Werneck em "TOC: Transtornada Obsessiva Compulsiva", no qual interpreta a atriz Kika K.
Da Tatá que surgiu na MTV e agora atua na Globo, Kika herdou a capacidade de contar as histórias mais estranhas de um modo que todos acreditem. Mas a atriz diz ter medido os improvisos.
Adriano Ishibashi/FramePhoto | ||
A atriz e comediante Tatá Werneck, que protagoniza 'TOC' |
"Eu pensava que podia tentar fazer uma piada e tentar tornar o filme mais engraçado. Mas isso é a minha vaidade, e estaria fugindo totalmente da história que quero contar", afirma.
No longa, Kika é uma atriz bem-sucedida e onipresente em comerciais. Longe das telas, sua vida não anda bem. Está em um relacionamento abusivo e questiona a eterna busca pelo próximo papel que a manterá em evidência. Ou seja, ela tem uma vida "invejável", mas que não a agrada.
"As pessoas criam esse padrão de felicidade, de corpo, de autoestima, de casamento que é apenas para pessoas jurídicas, não para pessoas físicas", diz. "Esse meio não é real. Nada daquilo é palpável, é só uma ilusão", diz.
E a própria humorista sabe como é corresponder a expectativas. "Por fazer humor, sempre esperam que eu vá fazer uma gracinha. Quando o meu avô morreu, fui gravar o 'Tudo Pela Audiência' logo depois. Era um programa improvisado, em que eu dançava lambada com um anão. Eu estava com a dor profunda da perda, e as pessoas dizendo 'Tatá, você está desanimada hoje'", lembra.
De volta ao longa, Kika passa a ignorar a opinião alheia, termina com o namorado-galã e começa a sair com um livreiro. É o gancho para outra crítica: de como uma mulher é julgada ao sair e entrar em um relacionamento.
Também há espaço para mexer com o ego das estrelas. Tatá não se cansa de ouvir durante a história que não é bonita. E sobra até para Caio Castro, galã da Globo que nem faz parte do elenco, mas é estereotipado na alcunha de Caio Astro (Bruno Gagliasso).
Foi para contar uma história engraçada, mas com reflexão, que a humorista quis participar de "TOC".
"O humor tem essa capacidade de transformar, de instigar. É uma ferramenta política. E ele tem também uma autodefesa ao dizer que é piada", afirma.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade