Figurino: Indicados priorizam elegância a originalidade em roupas

PEDRO DINIZ
COLUNISTA DA FOLHA

Uma imagem bonita pode valer um Oscar, mas não chega nem perto das "mil palavras" do ditado.

Os indicados a melhor figurino deste ano são exemplos de como a Academia prefere a zona de conforto da elegância ao reconhecimento da originalidade. Falta novidade no armário dos cinco longas, que esbanjam pesquisa, adaptação e reciclagem, fatores importantes no processo de confecção de um filme, mas insuficientes para justificar uma estatueta.

Mary Zophres, por "La La Land - Cantando Estações"

Vira e mexe o retrô cinquentinha cisca nas passarelas. Pode voltar com força na esteira do sucesso de "La La Land", que recupera a melhor parte do visual dos anos 1950 e 1960 a partir de um inteligente jogo cromático da figurinista Mary Zophres. Cores puras e opostas –azul e amarelo e verde e vermelho- dominam as cenas de dança, fazendo par com a direção de arte, outra categoria das 14 para as quais o filme foi indicado. Os vestidos da protagonista Mia (Emma Stone) foram colhidos em brechós, na varejista sueca H&M e em marcas como a do estilista canadense Jason Wu. Um detalhe interessante é o fato de, apesar da profusão de cores vivas, o figurino ter sido montado de tal forma que nas performances de dança nenhuma roupa sobrepõe a da atriz principal.

Colleen Atwood, por "Animais Fantásticos e Onde Habitam"

Única figurinista oscarizada da lista deste ano, com três estatuetas nas costas, Colleen Atwood está confortável em sua 12ª indicação. O universo visual de "Animais Fantásticos e Onde Habitam" e seu estilo dos anos 1920 é parecido ao de "Chicago" (2002), que rendeu o primeiro prêmio da Academia à figurinista. Atwood, porém, concentra a tesoura na alfaiataria londrina da mesma década. Camadas de roupas tingidas de tons neutros contrastam com o visual mágico proposto pelo longa, "spin-off" da saga Harry Potter, de J.K. Rowling. Esse é o grande trunfo de Atwood, mestre em diversificar o armário de um filme, aplicar texturas específicas em cada personagem e, mesmo com tantas referências, compor uma unidade estética que mantém verossimilhança com a história.


Veja a lista das outras categorias comentadas por profissionais, críticos e colaboradores da Folha.

Melhor filme, por Inácio Araujo
Melhor diretor, por Sergio Alpendre
Melhor animação, por Sandro Macedo
Melhor documentário, por Aline Pellegrini
Melhor documentário de curta-metragem, por Lívia Sampaio
Melhor roteiro original, por Francesca Angiolillo
Melhor roteiro adaptado, por Francesca Angiolillo
Melhor ator, por Guilherme Genestreti
Melhor atriz, por Teté Ribeiro
Melhor ator coadjuvante, por Guilherme Genestreti
Melhor atriz coadjuvante, por Teté Ribeiro
Melhor fotografia, por Daigo Oliva
Melhor montagem, por Matheus Magenta
Melhor direção de arte, por Guilherme Genestreti
Melhor trilha sonora, por Alex Kidd
Melhor canção original, por Giuliana Vallone
Melhor maquiagem e penteado, por Anna Virginia Balloussier

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