Crítica
Com Keanu Reeves, 'Versões de um Crime' tem final surpreendente
Quem é fã de tramas de tribunal, do tipo que devora livros de John Grisham, pode entrar tranquilamente no cinema. "Versões de um Crime" é eletrizante. Um quebra-cabeças eficiente até o final, com idas e vindas na história.
As cenas do julgamento de um adolescente acusado de matar o pai são complementadas por flashbacks. Mas estes nem sempre estão na tela para ajudar a esclarecer as coisas. O título brasileiro cai bem. São várias versões de um crime, que fazem o espectador mudar muitas vezes seu palpite sobre o caso.
Divulgação | ||
Keanu Reeves e Renée Zellweger como advogado e sua cliente em 'Versões de um Crime' |
O título original, "The Whole Truth", toda a verdade, parece brincadeira. Em "Versões de um Crime", algumas reviravoltas no enredo dão a impressão de que todo mundo está mentindo. Ninguém facilita a vida do advogado Richard Ramsey.
No papel principal, Keanu Reeves se sai bem. No lugar de um personagem de ação, os quase super-heróis que ele habitualmente interpreta em franquias como "Matrix" e "John Wick", aqui o ator entendeu logo que menos é mais. Seu desempenho é contido, denso. Ramsey pisa em ovos ao avançar na apuração do que aconteceu com o garoto, filho de uma amiga, Loretta (Renée Zellweger).
O rapaz, prestes a ir para a prisão por matar o próprio pai, não colabora com o advogado, que precisa sair catando as peças para montar a fotografia completa do caso. Os primeiros dois terços do filme focam essa investigação. Não há nenhum momento aborrecido, o ritmo da narrativa é rápido e o julgamento pode ser assistido com um balde de pipoca no colo. Entretenimento bem realizado, envolvente.
No terço final, "Versões de um Crime" tenta arrematar a história com grandes surpresas. Aí chega a hora do espectador decidir se "compra" ou não a solução final. Porque as coisas tomam um rumo impressionante com o que é descoberto por Ramsey.
A tensão cresce e a conclusão é surpreendente. Um bom trabalho da diretora Courtney Hunt, apenas seu segundo longa (o primeiro, de 2008, é o drama "Frozen River").
Com dois filmes muito bons hoje em cartaz no Brasil, "Versões de um Crime" e "John Wick - Um Novo Dia para Matar", daqui a pouco Keanu Reeves vai acabar trocando a carteirinha de canastrão por uma de ator de verdade.
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