Crítica
Liberdade e sensação de vazio orbitam 'Mulheres do Século 20'
Divulgação | ||
Elle Fanning em cena de "Mulheres do Século 20" |
Alguns dados biográficos do diretor Mike Mills fazem deste um filme muito esperado. O primeiro é que seu filme anterior, "Beginners", contava uma história real e inusitada: seu pai, aos 75 anos, faz duas revelações -tem câncer terminal e um namorado bem mais jovem.
O segundo: ele é marido da também diretora, escritora e artista Miranda July, de "Eu, Você e Todos Nós" (2005).
Por fim, "Mulheres do século 20" é baseado na história da mãe dele, que o criou em uma casa enorme e caindo aos pedaços na Califónia dos anos 1970, junto com pessoas que alugavam quartos.
As tais mulheres do século 20 do filme são três, de idades bem diversas. Uma delas é sua mãe, Dorothea, interpretada por Annette Bening, uma mulher de 55 anos independente e curiosa em relação ao mundo.
A segunda é Abbie (Greta Gerwig), 24, uma garota que aluga um dos quartos da casa e tem afinidade com a cena punk da época. Vai a shows e tem cabelo vermelho, mas é doce e delicada em casa.
A terceira é Julie (Elle Fanning), 17, melhor amiga do protagonista, por quem ele é apaixonado. Esta sim uma rebelde: sabe que seu amigo a ama e pula sua janela para dormir com ele quase todas as noites, mas não deixa que nada aconteça entre os dois.
O garoto do filme é o narrador, tem 15 anos e é um dos únicos homens da trama. O outro é William (Billy Crudup), outro hóspede do casarão, que ajuda Dorothea na manutenção da casa e transa de vez em quando com Abbie.
A ambição do filme é ousada, como o título deixa claro. A história não vai ficar restrita às personagens, mas revelar um pouco da época e do lugar em que tudo se passa.
Não chega a fazer isso, um pouco por causa do excesso de doçura com que o protagonista enxerga essas mulheres.
Mas não deixa de ser uma delícia ver aquela casa, cheia de um espírito de liberdade e nenhum julgamento que vem todo de Dorothea.
Ela fala o que pensa, pensa o que fala e mantém a família próxima com princípios como respeito, originalidade e coração aberto para o mundo. E nenhuma das regras que incomodam tanto na adolescência, como horário para voltar para casa, amizades vetadas, obrigação de ir à escola.
Mas a verdade é que nada de grave acontece na trama, e a falta de conflitos na vida de um adolescente, assim como num longa-metragem, deixa tudo com uma certa sensação de vazio.
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