Coletivo registra relação entre periferia e TV
DiCapana/Foto Coletivo | ||
Foto da mostra inclui um bar da periferia que sintoniza o programa de José Luiz Datena |
"Essa TV custa metade do valor da minha casa", conta Alemão, morador da Favela do Godói, perto do Capão Redondo, na zona sul de São Paulo. Ele pagou R$ 2.000 pelo aparelho de tela plana e R$ 4.000 pelo barraco.
Alemão é um dos personagens apresentados na mostra "Transição Digital "" A Relação da Periferia com a TV em São Paulo", em cartaz na DOC Galeria, que faz um recorte da importância da televisão na vida dos moradores de cinco bairros de São Paulo e de Taboão da Serra, na região metropolitana.
A exposição reúne 50 fotos e relatos de moradores e suas TVs, em casa e comércios, feitas pelo coletivo DiCampana, criado em 2016.
Ao fazer as imagens pouco antes do desligamento do sinal analógico, em março, o DiCampana presenciou desentendimentos. Parte dos moradores recebeu conversores digitais de graça, por serem cadastrados em programas como o Bolsa Família, mas parte não. "Teve casa com duas TVs que ganhou apenas um conversor e agora está com aparelho desligado por falta de sinal", conta Naná Prudêncio, 28, uma das integrantes do coletivo.
De acordo com a Seja Digital, entidade que coordena a mudança de sinal, 95% dos moradores da Grande São Paulo tinham aderido ao modelo no começo de abril.
Por outro lado, o DiCampana também notou a grande penetração da TV a cabo nas periferias, muitas vezes por meio de ligações irregulares. "Fui em uma casa que tinha 'gato' em seis TVs", lembra Naná.
Para o coletivo, a TV segue muito assistida na periferia, onde é a principal fonte de notícias, companhia para momentos de solidão, distração para clientes que esperam a pizza ficar pronta e babá. "O Alex Carlos, que mora na favela Monte Azul, tem oito filhos e falou que a TV é essencial para entreter as crianças e ajudar os pais a ter folga", conta Léu Britto, 30, fotógrafo do DiCampana, integrado também por Gessé Silva, José Cícero da Silva e Weslley Tadeu.
No conteúdo, boa parte dos moradores ouvidos preferem telejornais e programas de variedades. Novelas já não fazem tanto sucesso, mas atrações policiais seguem em alta.
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TRANSIÇÃO DIGITAL
QUANDO até 15/5. Ter. a sex.: 14h às 17h. Sáb.: 12h às 17h
ONDE DOC Galeria, r. Aspicuelta, 145, tel. (11) 2592-7922
QUANTO grátis
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