Peça adapta livro de Antonio Prata sobre suas memórias de infância
Daniel Bianchini/Divulgação | ||
Cena da peça 'Nu de Botas', adaptação teatral do livro homônimo de Antonio Prata |
São experiências e descobertas de uma criança, mas narradas em tom adulto, quase filosófico. "Nu de Botas", que estreia nesta sexta (23) em São Paulo após uma temporada no Rio, é uma adaptação teatral do livro homônimo de Antonio Prata sobre as memórias de infância do autor.
Ao versar o livro para o palco, a diretora Cristina Moura partiu de um preceito: apesar de serem narrados em primeira pessoa por uma criança, aqueles relatos tinham tamanha carga filosófica que requeriam um falar adulto. Assim, os cinco atores se revezam como protagonistas e personagens secundários sem mimetizar vozes infantis.
"Quase todos os contos tratam de dilemas", diz ela, que adaptou o texto com Pedro Brício, integrante do elenco.
Como o trecho em que a criança, quando passeia com os pais de um coleguinha, teme dizer àqueles "estranhos" da vontade de ir ao banheiro: "Eu não sabia se todas as pessoas faziam cocô ou se aquele era um problema meu".
Para Brício, Prata expõe com essa filosofia infantil "quão patéticas e arbitrárias" são algumas convenções sociais a que sujeitamos.
"A minha ideia foi fazer a habilidade narrativa e verbal de um adulto, mas o pensamento maluco de uma criança", conta o escritor e colunista da Folha, que teve a ideia para o livro quando foi convidado a voltar à escola de sua infância e ali lhe voltaram lembranças da época.
Na adaptação, foram selecionados 17 contos da obra. Alguns são encenados na íntegra, outros com cortes. Também foi trocada a ordem dos textos. Na peça, as histórias são agrupadas por temas, como família, amigos e curiosidades sexuais, afirma Brício.
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A encenação de Moura, que tem um histórico de dança (integrou a companhia belga Les Ballets C de La B) e performance, vai por um caminho diferente dos trabalhos anteriores da diretora. Em "Nu", ela dá mais espaço à palavra; os atores narram as histórias quase como se conversassem com o público.
O cenário simples tem alguns poucos elementos, como cadeiras e bancos. Cobertos de papel craft, os elementos vão sendo revelados ao longo do espetáculo.
"Acho o livro muito imagético, quase cinematográfico", diz a diretora. "Queria criar na peça a mesma sensação que tive ao ler o livro: poder imaginar as cenas." É como permitir ao público a capacidade de fabulação de uma criança.
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NU DE BOTAS
QUANDO sex. e sáb., às 21h30; dom., às 18h30; até 23/7
ONDE Sesc Belenzinho - teatro, r. Padre Adelino, 1.000, tel. (11) 2076-9700
QUANTO R$ 6 a R$ 20
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
Livraria da Folha
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