Gravadora lança discos inéditos e quer colocar Ribeirão Preto na rota do jazz
Joel Silva/Folhapress | ||
Os músicos Thiago Monteiro (à esq.), Bruno Barbosa e Thalita Magalhães em estúdio em Ribeirão Preto |
Cidade paulista de tradição sertaneja e sede de um dos maiores festivais de rock do país, o João Rock, Ribeirão Preto (320 km de São Paulo) também quer entrar na rota do jazz.
Uma gravadora criada pelo músico e produtor ribeirão-pretano Thiago Monteiro, 39, pretende reunir alguns dos principais nomes da música instrumental brasileira em discos, vídeos e shows.
O selo Blaxtream (trocadilho com o nome da cidade em inglês) estreou com o lançamento de quatro discos inéditos de jazzistas brasileiros.
Fazem parte deste primeiro pacote os grupos Paulo Almeida Quarteto, Vinícius Gomes Quinteto, Fabio Gouvea Quinteto e Ludere –liderado pelo pianista Philippe Baden Powell, filho do célebre violonista carioca.
Philippe, que vive em Paris, lançou pela gravadora o segundo disco do quarteto, que conta ainda com outros três músicos brasileiros.
"O selo dá a oportunidade de difundir a música instrumental brasileira e movimentar o mercado. Quanto maior a oportunidade de gravar e colocar discos nas lojas e nas plataformas digitais, melhor para os músicos e para o público", diz ele.
"Além de instrumentistas brilhantes e de várias vertentes, são músicos que acreditaram na causa e tinham esse alinhamento de valores com o projeto", afirma Monteiro.
Os quatro álbuns foram gravados e produzidos por Monteiro em Ribeirão e lançados em formato digital. Podem ser acessados gratuitamente para download no site do Blaxtream (blaxtream.com).
"As plataformas digitais são uma forma de estar conectado com o futuro e também de garantir maior acessibilidade a esses trabalhos", afirma o produtor.
O projeto da gravadora, sonho antigo de Monteiro, começou a ser montado em 2015, quando ele conseguiu apoio de uma cervejaria local.
"O Blaxtream hoje é minha prioridade. Acredito que temos uma proposta única no Brasil", diz ele, que esteve na Europa no ano passado, onde contatou músicos de várias partes do mundo e registrou as performances em vídeo.
O material será lançado on-line mensalmente, assim como videoaulas e partituras. O próximo passo é um festival internacional em 2018.
"Queremos fazer um intercâmbio de musicalidade e ao mesmo tempo, utilizar o jazz como elemento de união", diz.
Para Phillipe, o projeto não deve ser encarado como uma "loucura quixotesca".
"Nunca a música foi tão desvalorizada em termos financeiros, mas também nunca se produziu tanto. Isso tem que ser aproveitado. O Thiago [Monteiro] tem uma visão do futuro e faz isso com conhecimento."
Para Bruno Barbosa, baixista do Ludere que vive em Ribeirão, o selo dá condições ideais para que os artistas possam gravar seus trabalhos. "Um grupo conseguir lançar o seu segundo disco já é uma vitória no Brasil."
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