Hélio Oiticica inspira exposição 'Brasil por Multiplicação', no MAM
Para o curador Luiz Camillo Osorio, "Nova Objetividade" (1967), de Hélio Oiticica, foi um "divisor de águas para a arte contemporânea".
Cinquenta anos depois da sua publicação, Osorio resolveu utilizá-lo como ponto de partida para a nova exposição do MAM de São Paulo, que abre nesta quarta-feira (27).
Esse texto de Oiticica apresentou pela primeira vez —no conturbado período da ditadura militar— o termo "tropicália", nome de obra então exposta no MAM-RJ.
O fato deflagrou debate que revolucionou a arte, e, principalmente, a MPB (Música Popular Brasileira).
Dividido em seis tendências da arte, o texto aborda, por exemplo, obras que saem do cavalete e conquistam o espaço, a interação do espectador e a reflexão de questões éticas, políticas e sociais paralelas às questões estéticas.
Provocado por Oiticica, o curador reuniu 19 artistas de diferentes áreas, como arquitetos, coreógrafos e instaladores, para compor o 35° Panorama da Arte Brasileira.
Além de revisitar o fator que culminou na reviravolta do meio artístico, o tema "Brasil por Multiplicação" analisa, na maioria das instalações, a identidade nacional.
Por isso, nomes conhecidos no meio artístico são mesclados com representantes de minorias. É o caso do o Coletivo Mão na Lata, que, a partir de fotografias, retrata o olhar de quem vive nas favelas cariocas.
Também está presente na exposição o artista Isaías Sales, da tribo indígena Huni Kuin, do Acre, que trabalha a questão da identidade por meio de desenhos baseados na vida da floresta.
BANANA
Uma das instalações conta a história de um elemento curioso e tropical: a banana.
Em "Uma Breve História da Banana na História da Arte", o artista plástico Leandro Nerefuh, baseado em seu livro homônimo, retrata imagens da fruta em diferentes momentos da história.
Para Nerefuh, a banana representa o símbolo da brasilidade e "é sempre um localizador geográfico dos trópicos e do exótico".
A instalação é dividida em áreas temáticas. Num dos espaços, uma fotografia reproduz um quadro de Toussaint Louverture, o líder da revolução haitiana, tida como a primeira insurreição negra após a Revolução Francesa.
Nele, Louverture está na mesma posição que Napoleão Bonaparte, retratado por Jacques-Louis David em 1800. Entretanto, enquanto o francês é pintado nos Alpes suíços, Louverture está circundado de bananeiras.
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BRASIL POR MULTIPLICAÇÃO
ONDE: MAM - av. Pedro Álvares Cabral, s/n°; tel. (11) 5085-1300
QUANDO: até 17/12; ter. a dom. das 10h às 18h
QUANTO: ter. a sex. e dom. R$ 6; sáb. grátis
Divulgação | ||
"Projeto Parede", de Isaías Sales, da tribo Huni Kuin |
Livraria da Folha
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