Centros culturais e protestos conservadores contra mostras marcaram 2017
Controvérsias ligadas à temática sexual, aberturas de centros culturais e o leilão mais caro da história foram destaques em 2017.
Enquanto no exterior a arte brasileira foi celebrada, como nas bienais de Veneza e de Charjah, internamente não foi bem de celebrações que viveu o mundo artístico.
Grupos conservadores levaram ao fechamento de uma exposição em Porto Alegre e organizaram protestos contra a interação, em uma performance, de uma menina com um coreógrafo nu.
Para as artes, polêmica foi a palavra do ano, que teve ainda críticas à artista negra Alexandra Loras, acusada de racismo, e a condenação de Bernardo Paz, fundador do Instituto Inhotim, acusado de lavagem de dinheiro.
1. ABERTURAS
→ NO BRASIL
A cidade de São Paulo ganhou três novos espaços de peso; no centro, o Sesc 24 de Maio; na av. Paulista, o Instituto Moreira Salles e a Japan House. Em Fortaleza, foi aberto o Museu da Fotografia, que traz a público o acervo pessoal dos colecionadores Paula e Silvio Frota, além de mostras temporárias.
Japan House centro teve sua sede projetada pelo arquiteto japonês Kengo Kuma. Bancado pelo governo do Japão, conta com orçamento anual de cerca de R$ 102 milhões para mostras, palestras e workshops.
Gabo Morales/Folhapress | ||
'Bambu - Histórias de um Japão' é a exposição inaugural do centro cultural Japan House |
Instituto Moreira Salles
Foram quatro anos até o prédio na Paulista, projetado pela dupla Vinicius Andrade e Marcelo Morettin, abrir as portas ao público em setembro. Com um acervo com mais de 2 milhões de imagens, o IMS abriga três galerias, uma biblioteca, auditórios, sala de aula.
Sesc 24 de Maio
Assinado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, o edifício de 13 andares custou cerca de R$ 120 milhões e tem espaços como galerias de arte, salas de aula, biblioteca, café e restaurante -além de uma piscina com vista para o centro.
Museu da Fotografia
Um edifício antigo em Fortaleza foi readequado pelo arquiteto Marcus Novais para expor o acervo, que tem, por exemplo, a fotografia "Menina Afegã", de Steve McCurry, famosa na capa da "National Geographic".
→ NO MUNDO:
Louvre Abu Dhabi francês Jean Nouvel cobriu com uma cúpula que imita um céu estrelado o museu na ilha de Saadiyat. Aberto em novembro, o Louvre de Abu Dhabi tem 8.000 m² e 23 galerias, e recebeu para a inauguração obras de artistas como Manet, Monet, Van Gogh e Da Vinci.
2. POLÊMICAS
→ NO BRASIL
Em Porto Alegre, a exposição"Queermuseu" foi cancelada após grupos conservadores verem nas obras zoofilia e incitação à pedofilia. Outros casos semelhantes aconteceram país afora. Em Campo Grande, a polícia confiscou a tela "Pedofilia". No MAM-SP, grupos protestaram após uma menina interagir com o coreógrafo Wagner Schwartz, nu, durante a performance "Bicho". O caso é alvo de investigação no Ministério Público em São Paulo e da CPI dos Maus Tratos, presidida pelo senador Magno Malta (PR-ES).
→ NO MUNDO
O Louvre vetou a escultura "Domestikator" de Jean-Luc Martinez, presidente do museu de Paris, explicou que seria impossível ignorar a conotação sexual da obra de Van Lieshout, que seria exposta em ambiente frequentado por famílias.
Heike Kandalowski/Divulgação | ||
'Domestikator' foi exposta durante três anos em um parque de Bochum, na Alemanha |
3. DESTAQUES
Documenta
Pela primeira vez, a mostra mais importante do mundo teve duas sedes: inaugurou-se em Kassel e Atenas para falar de refugiados
Bienal de Veneza
O Brasil venceu uma inédita menção honrosa pelo seu pavilhão na mostra, que teve, sob curadoria de Jochen Volz, artistas como Cinthia Marcelle
'Salvator Mundi'
O príncipe herdeiro saudita arrematou a obra mais cara da história. Mohamed bin Salman pagou cerca de R$ 1,5 bilhão pela tela "Salvator Mundi", de Leonardo da Vinci
Bienal de Charjah
Com obras sobre um mundo em guerra, a maior mostra de arte contemporânea do Oriente Médio teve entre os destaques o brasileiro Jonathas de Andrade e o jordaniano Lawrence Abu Hamdan
Ai Weiwei chinês veio ao Brasil duas vezes; primeiro, para conhecer locais que abrigarão sua exposição em 2018 -em SP, a sede será a Oca. Na segunda, para divulgar seu documentário "Human Flow".
4. QUEM PERDEMOS
Principais nomes de morreram em 2017 no mundo das artes
Leonardo Colosso/Folhapress | ||
O arquiteto Carlos Bratke que assinou 52 projetos de edifícios comerciais na avenida Luiz Carlos Berrini |
Divulgação | ||
O artista plástico Sérvulo Esmeraldo LEGENDA DO JORNAL O artista retratado em seu ateliê em Paris nos anos 1970 |
Crocchioni - 11.mar.2015/Ansa via AP | ||
Jannis Kounellis, o maior expoente da arte povera |
Divulgação | ||
Vito Acconci, performer americano, em ação em que mordia o próprio corpo |
Edmond Terakopian/PA via AP | ||
O artista plástico Howard Hodgkin |
Antônio Gaudério/Folhapress | ||
O colecionador Sérgio Sahione Fadel com sua filha Marta Fadel em 2000 |
Marcus Leoni/Folhapress | ||
A artista plástica Amelia Toledo na abertura da exposição 'Lembrei Que Esqueci' |
Livraria da Folha
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