Portugal terá em 2018 um dos maiores museus de arte urbana do mundo
Portugal, que nos últimos anos vem dando destaque à arte de rua, inaugura em 2018 dos maiores museus do mundo inteiramente dedicados à arte urbana.
Batizado de Marcc (Museu de Arte Urbana e Contemporânea de Cascais), o espaço deve ser aberto na primavera europeia –entre abril e junho– de 2018. O projeto é uma parceria da Câmara Municipal de Caiscais, cidade vizinha a Lisboa, e do artista plástico português Alexandre Farto, mais conhecido pelo nome artístico Vhils.
Ele doou mais de 250 obras de seu acervo particular para a coleção inicial da casa. Além de trabalhos assinados por ele mesmo, há outros de destaque internacional, incluindo Banksy e Shepard Fairey –que criou o célebre cartaz de Barack Obama com a palavra "hope" (esperança).
Serão mais de três centenas de obras espalhadas por 1.700 metros quadrados, em um ambiente concebido especialmente para o museu, privilegiando a luz natural e permitindo uma interação entre as exposições e o público.
Rafael Marchante/Reuters |
O português Vhils começou sua carreira no grafite |
"Queremos que o museu seja vivo e dinâmico", resume Vhils, que nasceu na Grande Lisboa e começou no grafite antes de se aventurar por suportes diversos, como cortiça e pedras portuguesas.
O artista diz que a criação do museu de arte contemporânea busca "validar, dar espaço e respeito a esse movimento multifacetado e multidisciplinar constituído por pessoas que fizeram muito pela arte no espaço público".
CALENDÁRIO
Ainda que não haja data precisa para a abertura, o calendário de exibições já está bem traçado. Além do acervo fixo, o Marcc contará com três mostras temporárias por ano.
A ideia dos criadores é contar a trajetória da arte urbana e, ao mesmo tempo, apresentar novos artistas, tanto de Portugal como do exterior.
A exposição inicial, como era de se esperar, ficará a cargo de Vhils, que promete trabalhos inéditos e expressivos.
Para dar um gostinho do que está por vir, o artista de 30 anos já começou a "carimbar" o espaço com intervenções. A palavras "invisível" foi grafada em uma das paredes. A inscrição irá desaparecer assim que o acervo permanente for movido para o museu.
Além disso, em 2018 haverá uma mostra com a história da arte urbana, outra do hispano-argentino Felipe Pantone e mais uma com um autor a ser confirmado.
O museu deve contar com uma área gratuita e outra com exposições pagas.
Além das exibições em seu interior, o Marcc terá ainda um jardim de esculturas externo. A ideia é que ele seja permanentemente "atualizado" com novas obras.
Com o intuito de criar uma perspectiva mais abrangente e internacional, a curadoria do Marcc ficará a cargo de um grupo de artistas independentes, incluindo portugueses e também estrangeiros.
A Câmara Municipal de Cascais (órgão equivalente à prefeitura) promete investir na aquisição periódica de obras.
BAIRRO DOS MUSEUS
"Depois de termos a Paula Rego como grande representante da arte contemporânea, tínhamos que buscar Vhils, que é aquele que entendemos ser o símbolo de uma juventude muito criativa e altamente cosmopolita, capaz de atrair para Portugal o melhor talento mundial", diz Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara Municipal.
Luz refere-se à existência, em Cascais, da Casa de Histórias Paula Rego, centro multicultural em homenagem à artista homônima, um dos principais nomes da arte portuguesa das últimas décadas.
Como o espaço dedicado à artista, o Marcc ficará na área de Cascais chamada de Bairro dos Museus. O complexo já tem 15 aparelhos culturais, que contemplam diversos estilos e períodos artísticos. Entre os outros destaques do quadrilátero de museus está o Centro Cultural de Cascais.
O complexo cultural de frente para o mar tem atividades que vão desde o teatro até a literatura e a pintura. As distâncias entre os espaços são curtas, podendo-se andar de um canto a outro em menos de cinco minutos.
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