Cineasta francês Raymond Depardon ganha mostra no CCBB

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Crédito: Divulgação Cena de '12 Dias', de 2017
Cena de '12 Dias', de 2017

SÉRGIO ALPENDRE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O cineasta francês Raymond Depardon, 75, é com justiça considerado um dos maiores documentaristas do cinema, além de ser um respeitado fotógrafo.

Na verdade, o centro de suas preocupações estéticas sempre foi o conflito entre a máquina fotográfica e a câmera cinematográfica, com as diferenças de linguagem entre uma arte de imagem fixa e uma arte com a ilusão de movimento pela sucessão de imagens fixas (pensando ainda na película).

Mas como definir seus filmes somente como documentários? E, ao mesmo tempo, como deixar de notar que seus raros trabalhos ficcionais (três, numa carreira que conta com 45 títulos) devem muito à estrutura documental impecavelmente construída ao longo de sua carreira?

O espectador terá a oportunidade de pensar nessas questões e em muitas outras a partir do próximo dia 3, quando começa, no CCBB paulistano, a mostra "Depardon Cinema", com 25 filmes, entre curtas e longas –todos serão exibidos em DVD.

Veremos pouco mais da metade de sua produção, desde o primeiro curta filmado em 16 mm, "Ian Palach" (1969), sobre o estudante tcheco que ateou fogo no próprio corpo como protesto contra a política de seu país após o fim da Primavera de Praga, até "12 Dias" (2017), sobre pessoas internadas contra suas vontades em um hospital psiquiátrico.

Sobre esse assunto, aliás, a mostra exibirá ainda o clássico "San Clemente" (1980), sobre um hospital denominado "antipsiquiátrico" em Veneza (Itália). E "Urgences" (1987), documentário na linha "cinema direto" sobre o atendimento de emergência psiquiátrica em um hospital na capital francesa.

Os momentos mais altos de sua filmografia, contudo, são suas três ficções e a série "Perfis Camponeses", composta por três longas-metragens: "A Aproximação" (2000), "O Cotidiano" (2005) e "A Vida Moderna" (2008), todos imperdíveis.

Das ficções, infelizmente não teremos a última, "Um Homem sem Ocidente" (2002). Os outros dois longas são essenciais para entendermos o conflito que move o diretor. "Empty Quarter, une Femme en Affrique" (1984) mostra a viagem de uma mulher com um homem pela África oriental. No filme, vemos apenas a mulher, interpretada pela atriz Françoise Prenant. Do homem ouvimos apenas a voz.

Seu longa de ficção mais conhecido é "La Captive du Désert" (1990), que conta com uma Sandrine Bonnaire inesquecível como uma jovem refém da tribo dos tubús no deserto nigeriano.

Não se deve perder ainda "Instantes de Audiência" (2004), que registra algumas audiências num tribunal correcional de Paris; e "Presos em Flagrante" (1994), sobre o itinerário de suspeitos pegos no flagrante, da delegacia ao Palácio da Justiça de Paris.

Por fim, vale destacar o filme que tornou Depardon célebre: "Reporters" (1980). Neste documentário impressionante, a câmera de Depardon segue fotógrafos da agência Gamma, que ele próprio ajudou a fundar, e discute a função dos "paparazzi".

DEPARDON CINEMA

QUANDO 3 a 22 de janeiro (exceto às terças)

ONDE CCBB, r. álvares penteado, 112, tel. 3113-3651

QUANTO entrada gratuita

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